Participo amanhã pela manhã de um debate esportivo, preparado pelos alunos do curso de RTV da Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo. Em pauta, a validade ou não de o Brasil ser sede da Copa do Mundo em 2014.
Como não tenho uma ideia fechada sobre a questão, vou usar o espaço deste blog para algumas considerações.
Por princípio, não sou contra, nem a favor. Muito pelo contrário…
Também não sou o otimista de plantão.
Concordo que o País pela grandeza e tradição no esporte tem como topar essa parada.
O que pega são as circunstâncias em que tal evento se projeta.
Não é de hoje que a cúpula da CBF está sob suspeição.
Escândalos – e mais escândalos que põem em risco a lisura da empreitada.
É a cúpula da entidade que está à frente do projeto.
Por outra, há o exemplo pífio – e por tudo lamentável – do que aconteceu após o recente Pan-americano do Rio. Ficou o legado de obras superfaturadas e quase nenhum ganho em termos de benfeitorias públicas e sociais.
Não são lá grandes antecedentes.
Há ainda a exploração política que hoje é latente. O sim ou o não ao Morumbi, como arena para o jogo de abertura da Copa, revela bem o quanto de interesses políticos e partidários pesam na decisão.
Dias atrás, o próprio prefeito Gilberto Kassab teve que se explicar pelo fato que, em pronunciamento anterior, defendeu a estréia da Copa no Morumbi.
Diga-se que esses pontos – amplamente debatidos pela mídia – são apenas a tal ponta do iceberg.
Assim como é do conhecimento público que, mesmo na fila dos hospitais ou à espera da condução que nunca vem, quem vai pagar a conta somos nós, os pacatos cidadãos.
II.
Fiz uma provocação ao jornalista Nélson Cilo e ao representante do Governo Federal, Kiko Cavalcanti, que participaram do debate sobre os prós e os contras da realização da Copa do Mundo no Brasil.
– Uma questão que não veio à tona em todas as discussões que ouvi sobre a Copa em 2014: vocês já pensaram se o tivermos um novo Maracanazo? Se o Brasil, por uma dessas idiossincrasias do destino, não for o campeão mundial como aconteceu em 1950?
E tentei explicar a súbita apreensão:
— Já não temos a hegemonia do futebol mundial como aconteceu entre 1958 e 1970 e mais recentemente entre 1994 e 2002, quando tivemos uma geração privilegiada que chegou, em ambos os casos, em pelo menos três finais a cada quatro torneios. Pato, Ganso, Neymar e outros que estão por vir do mesmo quilate e talento anunciado ainda precisam se consolidar como craques na acepção do termo – e talvez quatro anos não seja tempo suficiente.
Propus então as seguintes questões:
— Será que teremos a fidalguia de ver alguém erguendo a Copa em plagas brasileiras que não seja um dos nossos?
— Se for um hermano argentino, por exemplo. Qual a reação da massa?
— Seguirá pelas ruas, silenciosa e triste, como em cortejo fúnebre, como aconteceu nos idos de 50 ou terá uma reação violenta, como tem acontecido em tempos recentes?
— Como ficará a vida do técnico do escrete ou do goleiro que falhar, do atacante que não perder o gol que nos traria a glória?
Passamos dois blocos do programa falando que tememos a farra do boi com o dinheiro público. Que imaginávamos o tamanho da festa por receber um evento de porte planetário. Do legado que já anda um tanto estropiado do Pan do Rio…
Mas, eu, pelo menos, nunca me ative ao fato de que o Brasil talvez pudesse não ser o vencedor.
De algum modo, todos dividiram comigo essa nova polêmica. Que, obviamente, só poderá ser solucionada quanto a bola rolar em 2014.
O debate organizado pelos alunos de RTV da Metodista foi realizado nesta manhã.
Em síntese…
Cilo tem lá suas ressalvas quanto à realização do evento.
Acha que a cúpula da CBF centralizando a organização da Copa é como colocar a raposa para cuidar do galinheiro do dinheiro público.
Cavalcanti, por sua vez, aposta que será um momento para projetar o Brasil em âmbito mundial, com ênfase para o setor de turismo e a geração de um grande número de empregos.
De minha parte, após criar toda essa discussão, saí de lá mais confuso do que entrei…