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Acabou, gente…

Foi por volta de 1975, era repórter de Gazeta do Ipiranga.

Um certo Coronel Fontenelle foi importado da Província do Rio de Janeiro para tomar conta, imaginem, do trânsito de São Paulo. O homem adotava medidas drásticas que causavam grande polêmica. E, como só e acontecer, repercutiam amplamente na Imprensa, velha de guerra.

Uma das medidas foi mudar a mão de direção de nada menos que 24 ruas do bairro do Ipiranga. Assim, numa tacada só. Ou seja, seria alterada abruptamente – ô palavrinha, sô – a rota de zilhões de motoristas que passam diariamente pelas vias daquele local, que é interface para os quatro cantos da cidade.

E lá se foi um jovem repórter chamado Rodolfo perambular pelas ditas-cujas ruas. Comigo, justiça seja feita, madrugaram o motorista Seu Eliseu e fotógrafo Cláudi Michelli, vulgo Clamic, todos a bordo de uma valente pick-up Rural Willys, carinhosamente chamada de "Lixão".

Como você pode imaginar foi um caos que registramos condignamente, creio. E o editor AC manchetou assim:

"O IPIRANGA ÀS AVESSAS"

II.

Anos mais tarde ouvi Caetano Velloso cantar "Sampa" e definir nossa cidade como "o avesso do avesso do avesso".

Achei bonito o verso e precisa a constatação…

III.

Ontem, ao correr os olhos pelos jornalões e pelas revistas semanais – insisto Carta Capital é exceção – tive a sensação plena de que a verdade o inverso do que escreveram. Noticiam um ‘momento histórico’ que está na cabeça dos manda-chuvas da Imprensa – e não falo nem dos editoriais, não.

A Veja, por exemplo, é drástica. Define o primeiro mandato de Lula como "pífio". Em O Estado, há um longuíssimo artigo do sociólogo Fernando Henrique Cardoso a declarar que as práticas até aqui adotadas pelo Governo Lula "não têm sido as da democracia, mas sim do populismo com pendor autoritário". Mas, é na Folha que a surpresa me tolhe os sentidos. E fico sem nada entender. A colunista Danuza Leão chama às falas Dona Marisa e a "orienta" a desenvolver e se engajar em algum projeto social.

IV.

Veja. FHC. Danuza. Quem não os conhece…

Desde que o jornalista Mino Carta saiu da Redação da Veja, em 1976, num acordo Civitas (donos da Abril) e o então ministro da ditadura, Armando Falcão, o bom jornalismo anda à deriva nas páginas da revista.

FHC ficou oito anos em Brasília como presidente da República. Entre sorrisos e pronunciamentos ‘politicamente corretos’, o País patinou feio.

Danuza, ao seu tempo, circulou pelos bastidores do Poder. Basta ler a auto-biografia, Quase Tudo. Nada consta de proveitoso. Bem, ao contrário…

Enfins, foram tantas as preciosidades. Que senti a credibilidade da Imprensa às avessas…

V.

Vamos de Voltaire, meus caros…

"Posso não concordar com uma só palavra do que me diz.
Mas defenderei sempre o direito de dizê-lo".

É isso… Ou quase. Faz parte do jogo democrático.
Mas, cá para nós, está na hora de os iluminados descerem do palanque.

A eleição acabou, gente…