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Amigos, esses ingratos…

Cometi a insensatez de, aqui, manifestar a ideia de morar na comuna italiana de Ollolai e, assim, realçar meu desejo, nos moldes do amigo Escova (ô saudade!), de me escafeder mundo afora em busca de um bom lugar para se viver.

Este Brasilzão tá que tá, concordam?

II.

Foi o que bastou para cair na boca do povo, os amigos da onça que cultivo com tanto zelo, mas que não perdoam qualquer vacilo.

Desde então sou cotidianamente bombardeado por piadinhas, insinuações e até memes que debocham e esculhambam esse meu humilde sonho juvenil (meio fora de hora, sim; mas juvenil).

Tudo começou com o Poeta e perguntinha que, disse ele, é básica para minha felicidade:

– Mas, tem shopping center na tal cidadezinha?

III.

Os caras me chamam de consumista, só porque gosto de comprar uns trapinhos diferentes. Mas, deixa pra lá.

O cara de pau do Poeta fez questão de ressaltar que esta era mais uma das tantas e quantas cidades que eu disse ser “a ideal”, “perfeita”, “maravilhosa” e cousa e lousa e mariposa.

A maior parte delas – segundo o amigo em seu implacável parecer – fica na Costa Malfitana, também na Itália, e são igualmente banhadas pelo azul/dourado do Mar Tirreno em dias de sol. Mar que, registro eu, também banha a Sardenha, onde se situa a encantadora Ollolai que, até amanhã, está vendendo casas a um euro.

IV.

Recentemente, lembrou outro amigo, o Marceleza, fiz a apologia de Taormina, na bela Sicília. Ressaltou que escrevi até uma crônica convidando “não sei quem” para ir comigo pra lá.

– Ora, Marceleza, deixe de bobagens…

V.

Até o Manuelino, que não via há tanto tempo, também não perdoou. Citou Brugges (Bélgica), Tomar (em Portugal) e um rosário de pequenas vilas e aldeias da Normandia, na França, onde estive há mais de 10 anos e sequer me recordava deste meu entusiasmo pelos arredores de Mont Saint Michel.

VI.

O Zequinha lembrou meu entusiasmo pelas ensolaradas praias do Caribe, incluindo minha paixão por Cuba.

– Pelos delírios do Calabrês, seria fundamental a Alitália implantar uma ponte aérea entre a Itália e a Ilha?

Quando querem me provocar, aprendam amigos e fiéis leitores, eles me chamam de Calabrês.

Tranquilo, até gosto!

Mal sabem, esses ingratos, que o Zucchero já criou esta interação só que musicalmente.

Ou não?

Ouça!

 *(foto: terraço público em Taormina/arquivo pessoal)

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