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Apontamentos de Quintana

Termino de ler “Apontamento de História Sobrenatural”, do poeta Mario Quintana, e não resisto o impulso de transcrever alguns trechos de seus poemas:

I.

Eu ouço música como quem apanha chuva:

Resignado

E triste

De saber que existe um mundo

Do Outro Mundo…

II.

A vida é tão bela que chega a dar medo.

III.

Sonhar é acordar-se para dentro.

IV.

Era uma rua tão antiga, tão distante

Que ainda tinha crepúsculos, a desgraçada…

V.

Uma rosa branca.

Não sei por que

Parece uma

Ave-Maria.

VI.

DESCOBERTAS

Descobrir continentes é tão fácil como esbarrar com [um elefante:

Poeta é o que encontra uma moedinha perdida…

VII.

ELEGIA URBANA

Rádios. Tevês.

Gooooooooooooooooooooooolo!!!

(O domingo é um cachorro escondido debaixo da cama)

VIII.

O TEMPO

O relógio é um objeto abjeto.

Nele mora o Tempo. O Tempo não pode viver sem nós,

Para não parar.

E todas as manhãs nos chama freneticamente

Como um velho paralítico a tocar a campainha atroz.

IX.

POESIA PURA

Um lampião de esquina

Só pode ser comparado a um lampião de esquina,

De tal maneira ele é ele mesmo

Na sua ardente solidão.

X.

INTERROGAÇÕES

Nenhuma pergunta demanda resposta.

Cada verso é uma pergunta do poeta.

E as estrelas…

As flores…

O mundo…

São perguntas de Deus.