Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

Araci Bueno

Foto: Arquivo Pessoal/vereador Almir Guimarães

Boa noite. Acabo de receber uma notícia muito triste: nossa diretora  presidente de Gazeta do Ipiranga, Araci Bueno, faleceu ontem (19/11/23) aos 94 anos, na cidade de Tatuí, onde foi velada e enterrada.

A mensagem encaminhada pelo amigo Walter Silva me chega envolta em lembranças e sentimentos.

Eu e o Walter trabalhamos por quase 30 anos em Gazeta do Ipiranga.

Acompanhamos o empenho diário da Dona Araci para viabilizar economicamente o jornal semanal, de 40 mil exemplares, que circulou por décadas e décadas na região do Grande Ipiranga, com grande prestígio.

Uma mulher incansável.

Dona Araci cuidava da Administração e do Departamento de Publicidade. Fazia questão de supervisionar a diagramação dos anúncios página por página. Também era comum vê-la, atenta, na revisão gráfica durante o longo fechamento de cada edição.

Ela orgulhava-se de ser ótima revisora. Com experiência adquirida em outras tantas publicações paulistanas em que trabalhou antes de fundar a Gazetinha em 26 de abril de 1958.

No início dos anos 80, o jornal era uma grata realidade e considerado o porta-voz do histórico bairro do Ipiranga. 

Foi nessa época que Araci Bueno recebeu o título de Cidadã Paulistana, outorgado pela Câmara Municipal de São Paulo, por indicação do então vereador Almir Guimarães (foto).

“Um dos dias mais felizes da vida da amiga Araci” – me diz o vereador, também comovido com a perda.

De minha parte, só tenho a lhe agradecer a confiança que depositou naquele jovem cabeludo, sonhador e algo inconsequente que, aos 26 anos, recém-saído da USP, assumiu a função de diretor-responsável e editor do influente jornal regional.

Foi um gesto de coragem, reconheço hoje.

Desconfio que fizemos uma boa parceria.

Posso lhes dizer que, enquanto esteve no comando, Dona Araci me deu total apoio e alicerce para fazer da combativa Gazetinha um dos mais representativos jornal de bairro do país.

Éramos respeitados pela defesa intransigente dos almejados princípios democráticos, dos inalienáveis direitos dos cidadãos e, sobretudo, por nossa postura editorial em prol das Diretas Já.

Fizemos uma edição histórica, permitam-me a imodéstia.

Cabe uma explicação.

Os jornais de bairro – em especial em São Paulo – foram instrumentos importantes para a reorganização social de uma sociedade feita em cacos pela escabrosa ditadura militar que nos afligiu de 1964 a 1985. Sociedades de Amigos de Bairro, clubes de serviços, instituições sociais, sindicatos, líderes comunitários e movimentos populares tinham espaço garantido em nossas páginas.

Dávamos voz e vez para que essas associações voltassem a se posicionar como partícipes da construção de políticas públicas em todos os níveis, em nome de uma melhor qualidade de vida de todos os munícipes.

Era o morador das 34 vilas e jardins que formam o Grande Ipiranga quem fazia nossa pauta.

Foi uma linda jornada.

Me sinto honrado em ter colaborado para tamanha realização.

Os méritos da Dona Araci são indiscutíveis.

Tudo tem seu tempo – e aquele, amigos, foi o nosso.

Quem viveu aqueles dias sabe bem o que estou falando…

1 Response
  • Leila Kiyomura
    22, novembro, 2023

    Triste…mas ela deixou o seu legado de mulher forte, batalhadora, que abriu portas para jovens jornalistas feito a Regina e eu, e tantos outros. Com a Gazetinha, o vereador Almir Guimarães e o editor Rodolfo, o fotógrafo Walter, o Ipiranga trilhou novos caminhos. Um bairro histórico hoje povoado por jovens…
    Araci Bueno deve estar lá entre os batalhadores e quem sabe lembrando os bons tempos da Gazeta junto com a Regina Curucci e outros infinitos…
    Saudade…

O que você acha?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *