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Beatles, Stones e outras levadas

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Foto: Arquivo Pessoal

Deixem que eu lhes diga…

Sou da geração dos garotos que amavam os Beatles e os Rolling Stones.

Garotão mesmo.

Tinha 12 pra13 anos quando o barulho dos garotos de Liverpool começou a tomar vulto e forma.

Mundo afora, foi um arrebatamento.

Sempre fui mais Beatles do que os Stones.

Questão de gosto – e, digamos, origem, procedência.

Por nascer e morar nas quebradas do Cambuci, tínhamos lá – os maljambrados moleques da turma da Muniz de Souza – outras influências musicais e, digamos, comportamentais.

Os ensaios das escolas de samba Lavapés (a mais antiga de São Paulo) e do Império do Cambuci também nos eram referências.

“Serenôoooda madrugada

Quem mandou você cair

Atrapalhou… a batucada

Do Império do Cambuci”

Rubinho, no apito, e Darci, na paradinha do contra-surdo à frente dos batuqueiros, davam o toque e o retoque ao samba cadenciado e às ilusões dos malocas sonhadores que éramos.

Ô memória, ô saudade!

Para todos os efeitos, e mesmo assim, nós nos dizíamos roqueiros.

À nossa maneira, diga-se.

Um pé lá, outro cá.

Talvez porque a grana fosse curta para os elepês, tínhamos o que o rádio tocava: Renato e Seus Blue Caps, os Incríveis, Jet Blacks, The Jordans, Roberto e Erasmo e outros tantos.

O pai, amante de boleros e do vozeirão do Tito Schipa, dizia em tom inclemente:

“Isso não é música. É barulho.”

Conflito geracional que escancarou-se quando um gringo, Trini Lopez, resolveu gravar nos States e fazer sucesso no mundo clássicos como “Perfídia”, “Quizas, Quizas, Quizas”, “Besame Mucho” e outras das antigas num ritmo, digamos, mais acelerado e pulverizador de harmonias.

O Velho Aldo não perdoou.

Queria confiscar meu violão em nome da integridade melódica de suas obras preferidas.

O pai era um debochado.

Mas, tinha lá suas razões.

O bardo aqui nunca exibiu talento para dedilhados, tons e sobretons.

Na avarandada casa dos 70, posso falar de cátedra que ouso ainda me dizer roqueiro.

Dentro dos conformes da minha idade, espero que me entendam.

Penso que tal feito seja um estilo de vida. Mais do que o pulsante gênero musical.

No tal país da diversidade e da miscigenação, acham mesmo que o rock resistiria, puro e belo, por muito tempo ao tam-tam dos tambores?

Deixem que eu lhes diga.

Bastou um mago híbrido entre a África e o Brasil, o samba e a bossa-nova, chamado Jorge Duílio Lima de Menezes, vulgo Jorge Ben, invadir os palcos da Jovem Guarda para que o estrago fosse feito. Diria que ali, naquelas jovens tardes de domingo, nasceram o apego à guitarra, a parceria com Erasmo Carlos e o Reino Unido do Samba Rock.

*Mas, essa história eu continuo a contar amanhã.

Ainda nenhum comentário.

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