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Brevíssimas 13

A PAUSA

Sempre que for necessário, respire fundo.
Deixe que o silêncio fale por você.

Sempre que for possível, ouça a chuva.
Deixe que molhe o chão para que a vida renasça.

Sempre que for pra valer, encare.
Deixe que a vida aconteça assim…

Plena e intensamente.

Como o diabo gosta.
Como Deus manda.

II.

O TOLO

Ela disse:

— Me espera!

Gostou de vê-la transtornada.
Com medo de perdê-lo.

Ele sorriu.
Sentiu-se o homem mais feliz do mundo.

Esperou.

Ainda hoje continua esperando.
Triste, triste…

III.

A NOTÍCIA

Alguém me disse hoje cobras e
lagartos de uma amiga comum.

Desandou a maionese
na vida da pobre moça.

Fiquei um tanto desacorçoado,
mas não me surpreendi.

Não foi uma, nem duas vezes que,
quando ainda convivíamos, me assaltou
a sensação que, mais dia ou menos dia,
receberia essa triste notícia.

Explicar, não consigo.

Mas sempre me pergunto:

— O que certas pessoas têm na cabeça?

IV.

O SEDUTOR

Antropólogo, pensador, jornalista, escritor,
político, sobretudo EDUCADOR.

O mineiro de Montes Claros, Darci Ribeiro,
foi um dos grandes brasileiros do século XX.
Nasceu em 26 de outubro de 1922,
morreu em 27 de fevereiro de 1997.

Foi também um apaixonado pelas mulheres.

Um incorrigível sedutor,
sempre de bem com a vida.

Meses antes de morrer, mesmo debilitado
pela doença, ele participou de Feira de Escritores
em Frankfurt. Viajou para a Alemanha
com uma comitiva de autores nacionais
que foram recebidos no aeroporto
por algumas moças que seriam
intérpretes e cicerones do grupo
na tal Semana do Livro.

O inevitável aconteceu.

Darci encantou-se com a guia
do seu grupo. Passou a cortejá-la
a cada encontro.

A moça, educada e gentil,
desvencilhava-se como podia.

Mas, Darci insistia que insistia.

Em vão.

No último dia, ao se despedir, lançou
mão da mais insólita das cantadas.

Consciente da sua precária condição
de saúde, arriscou o que
chamou de “convite irrecusável”.

— Quer ser minha viúva?

V.

RUBEM BRAGA:

“A verdade não é o tempo
que passa. A verdade é o instante.”