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Centenário de Orlando Silva

Sabem como são as famílias italianas. Basta uma reunião quando a parentada se encontra para discutir por tudo e por nada. Política, futebol, religião e outros tantos assuntos que se tornam polêmicos entre uma golada e outra de vinho, entre uma garfada e outra no belo prato de macarrão.

Por algum tempo, quando o meu pessoal se reunia – eu devia ter entre onze e doze anos, até menos – um dos grandes temas para as acaloradas discussões pretendia revelar quem era o melhor cantor brasileiro.

O pai não defendia, nem se pronunciava, mas, todos sabiam, torcia pelo Chico Alves. O tio Toninho era cabo eleitoral fervoroso de Nélson Gonçalves. Para o meu saudoso cunhado, o Waltinho, o campeão dos campeões era Orlando Silva, primeiro e único, o cantor das multidões (que ontem faria 100 anos).

Era um período de transição da nossa música popular. Os Beatles, o rock, a bossa nova, Benjor empurravam a turma da velha-guarda para o limbo do esquecimento. As rádios não tocavam mais as suas canções, os shows rareavam e, cada qual, se defendia do jeito que dava. Não foram poucos os que se perderam nos becos e bocas da vida.

Havia, no entanto, algumas trincheiras de resistência. O programa Moraes Sarmento, todas as noites na rádio Bandeirantes, era uma delas.

E foi por aí que, mesmo com a cabeça feita pelas novidades, tomei conhecimento do amplo repertório de sucesso dessa turma das antigas e, muito especialmente, dos sucessos eternos de Orlando Silva – “Lábios Que Beijei”, “Carinhoso”, “Rosa”, “Aos Pós da Cruz”, “Nada Além”, “A Número Um”, “Meu Romance”, “A Jardineira”, “Nada Além”, “Errei… Erramos”, entre outras.
Já sei, meus amáveis cinco ou seis leitores provavelmente querem saber o resultado das contendas e, atualizando a coisa toda, se Roberto Carlos não é o melhor de todos.

Tentarei explicar.

Invariavelmente aqueles papos resultavam em nada. Como a maioria dos debates, aliás. Cada qual seguia com suas convicções e vida que segue.

Qualquer comparação com Roberto seria injusta. Hoje a mídia é muito mais bombástica, e massiva. Direi apenas que, primeiro, veio Orlando Silva que inspirou João Gilberto que inspirou Roberto… E, ademais, gosto não se discute. Ouça todos…