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Como hoje eles são

É por acaso.

Assim que chego à Universidade Metodista, um grupo de jovens primeiro-anistas me aborda de microfone e câmera em punho. Estão tímidos, mas sorridentes e querem saber das minhas expectativas com a profissão quando, lá nos antigamente, eu era estudante de jornalismo como hoje eles são.

O senhor de óculos para leitura e ralos cabelos não esperava pela sinuosa pergunta. Espanta-se um tanto – aliás, como sempre fez vida afora. E quase lhes confessa que, de tão desalentado que anda, não tem como lhes responder.

No entanto, eis que, para minha surpresa, resolve tomar a palavra o rapaz cabeludo e algo inconseqüente que um dia eu fui:

— Eu só queria escrever – e escrever. Preferivelmente sobre música popular brasileira. Entrevistar Caetano, Gil, Chico, Elis, Benjor, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Raul Seixas, Erasmo, Roberto…. Não tinha ambição de ganhar fortunas ou transformar-me em celebridade. Queria escrever. Era o jeito que imaginei de levar a vida quando aportei na USP em meados dos anos 70.

O rapaz logo se desvanece nas próprias lembranças, retomo o ar circunspecto que a idade nos traz — e continuo. Conto, então, aos meninos que, ao longo dos anos, transitei por diversas áreas do jornalismo. Nunca fui o rei da cocada. Acumulei um tanto de conquistas, algumas tristezas, sonhos mil, amigos de fé e saudades; muitas, todas — mas sempre fui muito feliz.

Não sei se cumpriram-se as expectativas primeiras. Mas, hoje, posso dizer que valeu a pena – e sempre valerá…

* Dos medalhões da MPB, desconfio que só não entrevistei Chico Buarque, mas ainda há tempo…

* Foto no blog: Anísio Assunção