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Crônicas de Viagens- Marselha

Foto: Divulgação

29 – Uma cidade diversa, multirracial. Acolhedora

Não foi tão simples assim arrastar este meu corpanzil até MARSELHA.

A bem da verdade, penso que o bacana seria chegar à mais antiga cidade francesa de barco e atracar, todo maneiro, no Porto Velho – o mais emblemático, creio eu, ponto turístico local.

Não falo propriamente em belezas e espantos – tópicos imbatíveis que deixo para o pôr do sol dos arredores da lindíssima basílica de Notre Dame de La Garde situada a 15o metros acima do nível do mar.

Do mar Mediterrâneo, ressalto.

(*foto: arquivo pessoal)

Escolho Porto Velho pela representatividade do lugar.

Nos 60 quilômetros do litoral de Marselha existem 14 portos e praias que não cheguei a curtir, pois viajei no inverno. Porém – e sempre tem um porém – basta um passeio simples pelos arredores do Porto Velho para entender que Marselha tem características únicas, e especiais.

A principal?

É uma cidade diversa, multirracial. Estranhamente acolhedora.

Tem gente de todos os cantos do Planeta. Turistas, sim; mas não só, e nem tantos

A cidade atrai um contingente de imigrantes pela localização geográfica e pela possibilidade de trabalho – é a segunda cidade mais importante da França. Falo em termos econômicos, falo em termos populacional. Beira um milhão de habitantes. 900 mil e quequérecos, acho.

Muita gente chega do Norte da África – e ali deixa marcas culturais e sociais.

(Experimente o cuscuz marroquino. Forte!)

Mas, o curioso é que Marselha, por vezes, lembra uma cidade cosmopolita do Oriente Médio.

(Dizem que os árabes andaram por ali.)

Ah, tem também uma forte influência dos italianos que ali chegaram e se estabeleceram ainda no século 19.

(Outra dica: a pizza de Marselha, vendida aos pedaços, como manda a tradição, e lautos pedaços de anchovas ou sardinha ou outro peixe disponível. Muito bom e barato.)

Mas, em nenhum momento, acreditem!, o visitante se sente em outro lugar que não seja um território francês.

Tudo junto, e misturado. À francesa, sempre.

Tem a ver com  A Marselhesa? – disse-me um amigo assim que lhe descrevi minha impressão sobre a cidade.

Sinceramente, não sei.

A história todos sabem: a canção revolucionária adquiriu popularidade durante a Revolução Francesa e, mais tarde, se transformou no hino francês tido e havido como o mais lindo de todos.

Seu nome original: Canto de Guerra Para o Exército do Reno. 

Etcetcetc…

Dei uma resposta honesta ao sabichão:

Não pensei em nada disso nos quatro dias em que andamos por lá, ponta-pé inicial para nossa esticada pela charmosa Provença ou Provence (nunca sei como chamar a região).

Não juntei o lé com o cré musical.

Apenas saboreei o passar dos dias em Marselha, com o olhar mais alongado em seu matizado e ruidoso gentio.

O pessoal fala alto por ali.

Sempre que viajo, brinco de imaginar se moraria ou não na cidade em que estou.

Gostei de Marselha, mas não fechei questão sobre essa possibilidade.

Acredito que sim.

Ou não.

Não sei.

Ando cada vez mais reticente.

Diz o amigo, para me provocar, que é o peso da idade.

Gaiato que só, reformula: “são o peso e a idade”.

Há quem enumere outros fatores, digamos, de cunho filosófico e humanista.

“Viajar é uma fuga dos problemas cotidianos que permanecem aí esperando você voltar.”

Olaiá.

Não entro no mérito da questão.

Prefiro mesmo – se é que há algum consolo para esta combalida situação – citar o grande Stanislaw Ponte Preta e dizer que foram “as andanças e intemperanças da vida que me deixaram assim”.

Um viajante parvo.

Um tanto combalido, outro tanto cético, algo cínico. Mas, de certa forma, bem feliz.

 

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