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De tempos em tempos – Parte 3

IV.

Outra do Nasci.

O Bola era um cara legal, mas sempre foi só.

"Avulso", como o Nasci o chamava.

Até aí nada demais. Cada um, cada um.

O único problema é que ele andava ranzinza.

Colocava defeito em todas as mulheres que o pessoal da Redação arranjava.

Era implacável em seus julgamentos.

Batia de baranga, tribufú e por aí ia.

Não escapava uma.

Um dia o Nasci se invocou e deu troco.

— Ô meu querido, você manda bem em todos os conceitos sobre mulher. Só que trabalha com a gente há tanto tempo e nunca soubemos de nenhum romance para os seus lados. Me diz uma coisa. Perdoe a intromissão. Você é discreto mesmo ou está a seco todo esses anos?

Assim na lata, diante de todos, o amigo perdeu o chão.

Não soube o que responder.

Então, o Mestre dos Mestres prosseguiu.

— Então cara, se você gosta da fruta é melhor começar a se interessar pelas moças normais. Ir treinando, sabe? Vai que a Brooke Shields, que você tanto ama, vem ao Brasil e lhe encontra e diz: quero você! E aí? Vai ficar com essa expressão de abadejo em geladeira de supermercado? Já imaginou se ela vier pra cima. Você não vai saber nem por onde começar.

Em três meses, o Bola arranjou uma namorada, noivou e casou.

Radicalizou, eu diria. Mas, não perdeu mais tempo.

V.

Sobre a relatividade do tempo, também vale refletir.

Alguém, desesperado, bate sofregamente na porta do banheiro que está ocupado.

De lá de dentro, ouve a voz:

— Ei, meu, calma. Dois minutos…

Um fala de instantes, o outro imagina a eternidade.