Depoimento à repórter Nila Maia, do Jornal Brasileiro de Ciência da Comunicação da Cátedra da Unesco/Universidade Metodista de São Paulo:
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“O brasileiro continua apaixonado pelo futebol, pelo clube do coração, por alguma sensação de destaque no futebol europeu e pela seleção. Acontece que o calendário futebolístico do país continua a pleno vapor. Não deu tempo sequer de parar pra acompanhar a seleção de Tite. Tivemos recentemente a final da Champions League, o sorteio dos confrontos da Libertadores e da Copa do Brasil, clássicos relevantes todas as semanas às quartas, quintas, sábados e domingos. Só na semana passada houve o sorteio da Libertadores na segunda, São Paulo e Inter na terça, Corinthians e Santos, além de Palmeiras e Grêmio na quarta; FlaFlu na Quinta e assim vamos até quarta que vem quando jogam Palmeiras e Flamengo, na luta pelas primeiras colocações do Brasileirão. Na quinta, começa a Copa e aí a coisa muda.
O Brasil para…
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Antes da chamada globalização do futebol, os campeonatos eram mais esparsados. Havia um tempo vago em que o assunto era só seleção. Hoje os meios de comunicação nos sufocam com evento atrás de evento. Criam uma polêmica por dia assim alimentam nosso imaginário e a programação.
Além do que, vivemos hoje uma sociedade imediatista. Que adora o hoje, despreza o ontem e pouco se dá ao que acontece amanhã.
Nessa toada, quando começar, a Copa terá o sucesso de sempre.
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Minha expectativa em relação à Copa: assistir a bons jogos. Disputados, e intensos. Há um nivelamento atlético e tático das equipes que, muitas vezes, podem fazer um enfrentamento às chamadas seleções favoritas – Brasil, Alemanha, Argentina, França, Espanha e Inglaterra. Qualquer um desses pode ser o campeão.
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Futebol e política feliz ou infelizmente estão em compartimentos distintos no imaginário do brasileiro. Quando tentam juntar esses interesses, o esporte sempre saí perdendo
Acho que, quando a hora chegar, o animo, o envolvimento, a paixão e até o ufanismo serão os de sempre. Pra frente Brasil, salve a seleção e cousa e lousa e mariposa.
O futebol tem luz própria, independente de qualquer ação política. Podemos aqui e ali eleger Romário senador, Andrés deputado federal, pelo mesmo fenômeno que acontece quando elegemos o Tiririca deputado ou o comunicador Dória prefeito da maior cidade do país. Mas, no macro, os políticos até tentam tirar sua lasquinha. Mas, não chegam a nos iludir. As conquistas do campo ficam no campo. Não repercutem nas urnas.
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O que lembramos de 2002 quando fomos pentacampeões. O presidente era o FHC. O Lula ganhou as eleições presidenciais. Fato político-esportivo marcante: a cambalhota do Vampeta na rampa do Palácio durante a visita dos campeões ao presidente. O craque estava bebaço e a cena foi vista em rede nacional. Um mico em se tratando dos tais dividendos políticos eleitorais que tal visita poderia render.
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Como bons latinos, temos uma tendência ao drama, a tentar racionalizar o que não ė racional – a paixão que o futebol nos proporciona. Quem se lembra de 2014 e o não vai haver Copa? Só durou até o primeiro trilar do apito do juiz do primeiro jogo. Fato político-esportivo marcante no imaginário da nossa gente: se não houvesse Copa, não teríamos levado de 7 a 1.
*A íntegra da reportagem “A Copa no mundo de 2018”
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