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Divagações – Parte 2

Agradeço penhoradamente aos amigos e leitores que repercutiram nosso post de ontem.

Aproveito o ensejo para recuperar uma foto antiga, da minha amiga Jô Rabelo, durante o Seminário sobre Grandes Reportagens do Fantástico, com as ilustres presenças dos notáveis repórteres Ricardo Kotscho, José Hamilton Ribeiro, Luiz Carlos Azenha e o saudoso Geneton Moraes Neto. Tive a honra de mediar as conversas que versaram sobre a reportagem como a essência do jornalismo.

Isto posto, sigamos com o segundo post…

da série ‘Divagações sobre o atual ‘fazer jornalístico’.

A priori, e a título de salvo-conduto, faço questão de citar o escritor mineiro Pedro Nava (1903/1984).

Disse o escritor, não exatamente com essas palavras, mas disse:

A experiência está para a vida assim como um automóvel a rodar por uma estrada escura com os faróis a iluminar o caminho já percorrido.

Bela imagem.

O passado às claras, a sedimentar nossa história.

O presente fugidio a nos escapar pelos vãos dos dedos, como contornos de cidades perdidas que sabemos existir, mesmo sem vê-las, ali na linha do horizonte.

É o avançar do carro que corajosamente projeta o futuro ainda embrenhado em sombras e incertezas

Vale a deixa para começar dizendo que ‘sombras e incertezas’ também permeiam o jornalismo em tempos atuais.

Vou lhes dar uma gênese do que penso que sorrateiramente aconteceu.

Posso estar errado, mas desconfio que não.

Retornemos à virada do século.

Quando se principiou a mesclar – por obra e graça dos donos dos negócios da Comunicação – jornalismo e entretenimento não foram poucos os profissionais de imprensa e mesmo senhores acadêmicos que manifestaram sincera preocupação com o risco que envolvia a causa maior da Imprensa que é o bem comum. A partir de preceitos como

O respeito à verdade factual.

A postura crítica e independente.

O poder de fiscalização.

Nos alfarrábios de priscas eras, havia até uma máxima:

“Doa a quem doer que a verdade dos fatos prevaleçam”.

Havia, nesse período, toda uma discussão sobre a obrigatoriedade do diploma universitário em Jornalismo para exercício da profissão que tangenciava o tema da livre expressão do pensamento. Mas, era – e sempre foi – uma manobra do patronato para dar fim à regulamentação profissional e outros tantos direitos trabalhistas da categoria.

Muitos jornalistas encamparam, de bom grado, o pensamento dos patrões.

De minha parte, diria que ouvi, em muitas das redações pelas quais passei, uma versão mais prática da coisa toda:

“O jornal é meu. E aqui escreve quem eu quero que escreva”.

A Lei do Diploma vigorou de meados dos anos 70 ao início do século 21.

Havia a fiscalização do sindicato da categoria e, vez ou outra, a Justiça do Trabalho vinha à empresa tirar a limpo uma denúncia.

Era um corre da turminha sem diploma (quase todos, amigos do dono ou dos amigos do dono) pra se esconder nos cantões da empresa.

Enfim…

A Legislação implodiu total nos anos seguintes após parecer desfavorável à causa do Supremo Tribunal Federal, conduzido pelo juiz Gilmar Mendes.

Repasso essas memórias a titulo de ilustração e registro de memória.

Entendo que hoje tal necessidade – com o boom da internet – não faria qualquer sentido a proibição.

Esfarelou-se nas mil e umas possibilidades que o mundo digital nos oferece.

O meio não é mais a mensagem, como aprendemos com o papa da Comunicação, o filósofo e educador Marshall McLuhan,

Hoje, todos somos ‘produtores de conteúdo’.

Algo como:

“Eu sou a mensagem”.

Assim lhes digo que hoje o peso é zero.

Digo também que lá naqueles idos o rapa ajudou – e muito – a fulanizar a prática do jornalismo em si.

Explico com claro exemplo que hoje se vê nos portais:

Quando você prioriza o colunismo em detrimento à reportagem dá ensejo a algo muito próximo à Torre de Babel onde muitos falam o que pensam e imaginam como verdade soberana – e raros se propõem a ouvir e, sobretudo, refletir sobre o outro lado da moeda.

Não deu certo naqueles idos e bíblicos tempos.

Não estamos muito longe do caos comunicacional e humanitário.

Amanhã continua…

Um sambinha de Noel, na voz do inesquecível João Nogueira, para descontrair.

Tem muito a ver…

Ainda nenhum comentário.

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