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Dois Irmãos

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Foto: Divulgação

Não lembro onde eu li. Ou será que alguém me contou?

Faz tempo.

Foi pelas quebradas dos anos 80 (ou seria início dos 90?) por ocasião do lançamento de um novo disco de Chico Buarque.

(Não me perguntem qual, pois hoje minha memória está zerada.)

Havia uma canção enigmática, de nome “Dois Irmãos”, que eu achei lindíssima e me emocionou profundamente.

(Disso, eu lembro bem, embora não saiba explicar exatamente o porquê e o profundamente.)

Pois é, meus caros…

Sou um areal de inquietações e dúvidas.

Na busca para esclarecer esse revoltos sentimentos, li ou alguém me contou, à época, que Chico morava (não sei se ainda mora) num amplo apartamento envidraçado, com vista para o mar e outros tantos pontos de magnânima beleza da cidade do Rio de Janeiro.

Um deslumbre.

Fiquei imaginando o encantamento do cantor/compositor diante de tamanho esplendor.

O que não lhe falta é cenário para a benfazeja inspiração com que nos brinda em suas criações.

Foi nessa absorta meditação que me veio a surpresa.

Um dos pontos de sua maior predileção são os morros Dois Irmãos, elevação que dá vista para a zona sul da Cidade Maravilhosa, mas fica lá pelas quebradas do Vidigal.

Ops. Caiu a ficha. Entendi o tema e a canção.

Também gosto de olhar as montanhas (quando poso).

Mas, não sou poeta, e não sei fazer canção.

Quer dizer: foi diante da majestosa imagem que Chico Buarque compôs a lindíssima canção, obviamente intitulada “Dois Irmãos”. De versos reflexivos e inspiradíssimos:

Dois Irmãos, quando vai alta a madrugada
E a teus pés vão-se encostar os instrumentos
Aprendi a respeitar tua prumada
E desconfiar do teu silêncio

Penso ouvir a pulsação atravessada
Do que foi e o que será noutra existência
É assim como se a rocha dilatada
Fosse uma concentração de tempos

É assim como se o ritmo do nada
Fosse, sim, todos os ritmos por dentro
Ou, então, como uma música parada
Sobre uma montanha em movimento

Chico é mesmo um gênio das palavras.

Sempre me emociona.

Enfim…

Trago-lhes hoje essa quase lembrança em forma de historieta por outro oportuno motivo.

Desde o início da semana, a gravadora Biscoito Fino liberou nas diversas plataformas digitais a gravação (até então inédita) de Milton Nascimento para a composição de Chico.

Deveria ser parte do disco “Chico-Um Artista Brasileiro”, lançado em 2015, com diversos intérpretes a reverenciar a obra musical buarqueana.

Por uma dessas desventuras na escolha final do repertório, a cálida “Dois Irmãos” ficou de fora.

Sorte nossa que hoje podemos apreciá-la, mesmo que seja, como eu, diante de uma janela com vista para prédios e mais prédios de uma cidade sem-gracinha de tudo. Mas, ainda assim, emocionado ao ouvir uma linda canção do passado.

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