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Eis a questão. Ser ou não ser… fiador

Gostava muito de ouvir as ‘tiradas’ do Nasci.

Era um cara de soluções inteligentes por mais complicadas que fossem as situações, tidas e havidas. Tornou-se um hábito nosso – os então mais jovens e menos brilhantes — a recorrer aos sábios conselhos.

Conselhos, não. Porque o Nasci, gostava de dizer, dava encaminhamentos a determinados assuntos. Siga quem quiser. Quem não quiser, que enfrente as conseqüências.

Aliás, se vocês puxarem no blog as histórias do Nasci, dariam um livro – o que, aliás, é uma idéia a se pensar. Difícil, porém, seria classificar o lançamento. Ficção (e sempre desconfiávamos que houvesse alguma), Não-Ficção (posso lhes garantir a veracidade dos fatos; até certo ponto) ou Auto-Ajuda (o que também é plenamente possível).

Vejam a história que lhes conto a seguir. Cabe ou não cabe num manual de como se livrar de situações incômodas – e, de certa forma, altamente perigosa.

Numa daquelas manhãs, um dos nossos – não lembro quem – chegou à Redação com ares macambúzios. Um parente havia lhe feito uma proposta indecente. Queria que o tal fosse fiador do filho mais velho – tido e havido por todos da família – como um doidivana, cabeça oca. O moço iria casar e precisava alugar uma casa. O pai não tinha imóvel, então não podia avalizar nada. Foi quando se lembraram do tiozão – e lhe fizeram o ‘honroso’ convite.

O nosso amigo andava pra lá e pra cá na Redação de chão assoalhado. Burilava uma desculpa porque a resposta ele já tinha: NÃO, com todas as letras e acento e assim mesmo em versal, como se dizia nos tempos do chumbão.

Pensou em alegar que o imóvel estava hipotecado. Que sofrera um súbito ataque de amnésia e não sabia mais escrever o próprio nome, quanto mais assinar um contrato. Pensou em sumir na calada da noite para um lugar incerto e não sabido até que as coisas voltassem ao normal. Pensou, pensou, pensou…

Tudo soava fantasioso demais.

— Ele nunca vai me perdoar – pensou em voz alta.

Foi a ‘deixa’ para o Nasci por um ponto final àquela agonia.

— Diga apenas que não – e saia de cena. Você falou a coisa certa. Não sei por que tanto martírio.

— O que eu disse de certo? – perguntou e o Nasci respondeu:

— Olhe, meu camarada, com ou sem desculpa, seja qual for o justo motivo que você alegar, assim que o teu cunhado ouvir o NÃO como resposta, ele não vai querer ouvir mais nada. Até porque vai estar se remoendo de ódio e garantindo para si mesmo que ele nunca vai lhe perdoar…