Minha amiga e assídua leitora Doris não vai gostar do que hoje aqui vou escrever.
Ela curte mais quando o texto cai para o lado mais romântico, fale de amores que seriam possíveis, mas se tornaram eternos. Essas coisas todas que, a bem da verdade, também adoro ler e imaginar histórias que transformo em posts/crônicas.
Hoje, porém, dado ao adiantado da hora eleitoral, me vejo incitado a meter meu bedelho no pleito municipal que ocorre domingo em todo Brasil, e especialmente em São Paulo, cidade onde não moro, mas voto…
Explico o porquê.
Um tanto por que como jornalista acompanhei eleições memoráveis a partir de 1982, quando Franco Montoro se elegeu governador de São Paulo. Dizem que o uso do cachimbo deixa a boca torta, pois então…
Difícil para um repórter vira-lata, como o que fui e sempre serei, não dar pitacos nessa hora.
Depois por que é evidente a relevância da escolha o paulistano para que se prospecte os caminhos do País nos próximos anos. Meu saudoso pai, o Velho Aldo, dizia que sempre foi assim. E era inevitável que lembrasse das querelas Adhemar de Barros versus Jânio da Silva Quadros.
Eu, particularmente, vivo essa realidade desde 1985, quando o Brasil consolidava o processo de redemocratização – e, para surpresa geral, o então senador Fernando Henrique, candidatíssimo das forças progressistas, foi surrado nas urnas por Jânio Quadros que reaparecia no cenário político nacional, calcado na mais retrógrada das alianças. Que incluía políticas e políticos de um passado remoto, além de outros nomes que notoriamente serviram à ditadura.
A conseqüência dessa derrocada é que, não demorou, para que o então presidente José Sarney fizesse uma reforma ministerial, com um perfil muito mais à direita. Que se consagrou pelo uso de uma citação bíblica, popularizada pelo então deputado Roberto Cardoso Alves, que virou ministro da Indústria e Comércio em 88.
A frase definiu bem o que foi esse período:
— É dando que se recebe.
*Amanhã eu continuo…