Morreu Elton Medeiros, o sambista.
Junto com Cartola, é o autor de “O Sol Nascerá”, trilha da novela Bonsucesso nas vozes quentes de Zeca Pagodinho e Tereza Cristina.
Parceiro de tantos e tamanhos da pura cepa do gênero como Paulinho da Viola na belíssima “Onde a Dor Não Tem Razão” e outras mais. Cito esta por uma questão de preferência e, sabe-se lá, de uma imensa saudade das coisas que se perderam.
…
Lembro-me de Elton Medeiros lá no mais antigo dos anos de 1980 no saguão de um hotel no bairro de Higienópolis. Ele veio a São Paulo para divulgar um disco solo – Elton Medeiros – que gravou pelo selo Eldorado.
Nogueira, o faz tudo da gravadora, se incumbiu de fazer a apresentação.
Elton beirava os 50. Era um senhor elegante, de riso contido e ar desconfiado.
Trocamos algumas palavras, mais por formalidade.
Marcamos a entrevista para a semana seguinte.
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Logo que saímos dali, Nogueira tratou de me avisar.
“Ele se faz de ranzinza, mas é de uma enorme generosidade.”
Não recordo o motivo.
Sei que ou a entrevista não vingou ou outro repórter foi destacado para fazê-la.
Lamentei – e lamento ainda hoje.
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Dias depois, no mesmo hotel, fui entrevistar Martinho da Vila.
Comentei que havia conhecido Elton Medeiros, mas infelizmente não rolou o encontro que havíamos combinado.
Perdi a chance de fazer uma bela reportagem, eu disse.
Martinho concordou:
“Que vacilo, camarada”.
E acrescentou:
“Elton é a própria nobreza do samba. Único.”
Como disse, lamentei – e lamento ainda hoje, 40 anos depois…
O que você acha?