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Escova não é mais o mesmo… (2)

Dias depois, já refeito do episódio – que Escova é otimista por natureza –, surgiu outra “paradinha” maneira.

“Outra saia-justa, justíssima”, me confidencia Cebola, amigo comum, que a tudo presenciou esfolando os cotovelos na fórmica do balcão do boteco chinfrim.

Tão justa a saia e tão bem taludamente servida a dona que não houve, em todos aqueles arredores, quem não olhasse quando a moça de corpo escultural entrou no bar, pisando macio, à procura de quem, de quem, de quem?

O mago, o guru, o Dom Juan das Quebradas do Sacomã.

Só podia ser o Escova, lógico. Que não estava, pois o tal não é figura fácil de encontrar.

Ao portuga de plantão, a bela informou que voltaria no dia seguinte. Justificou: tinha interesse especialíssimo em ouvir homens vividos como o nosso amigo.

Foi o que ela fez para gáudio da rapaziada – e do dito-cujo, que no dia e hora aprazados estava ali de plantão para conferir se a moça era tudo o que lhe disseram.

Papo rápido:

— Escova, ao seu inteiro dispor.

— Que bom encontrá-lo. Temos muito em comum, sabia?

Saber, saber, o Escova não sabia, mas não foi difícil imaginar as área afins.

— Você é jornalista, não é? Me dia uma coisas: os jornalistas não são preconceituosos. São?

Escova avaliou positivamente o material à sua frente. E divagou sobre aonde a moça poderia chegar com aquele princípio de interrogatório. Era bem mais jovem, talvez estivesse confusa. Confusa, e apaixonada. Talvez ela se achasse menina demais para qualquer relacionamento com alguém, como ele, de renomada fama de conquistador.

Saberia tranquilizá-la. Por isso, foi quase-poético na resposta:

— Assim como o amor, o jornalismo não tem hora nem idade para acontecer, minha cara. Quem ama ou quem trabalha em jornal precisa ter a mente aberta para o que der e vier.

E concluiu, já saboreando o abate que se faria próximo:

— Estamos abertos a todas as experiências.

Foi bem na resposta, percebeu. A moça sorriu – ele sentiu que havia encaminhado o abate. Notou uma expressão de alívio no rosto bonito da interlocutora.

— Pois então, Escova… Posso lhe tratar por você, né? Então, quero muito ser jornalista, sabe? Estava com medo de entrar para um universo preconceituoso, retrógrado. Sabe, eu sou…quer dizer, eu tenho uma namorada. Eu gosto…de meninas. O que o senhor, quer dizer, você, acha?

— Não acho nada, minha filha. Na fase em que estou, eu só perco…