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Esquivel

Assisti hoje à palestra do professor Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz em 1980, na Universidade Metodista de São Paulo. Ele abriu a 6a. Conferência Mídia, Religião e Cultura e falou sobre os caminhos que necessariamente precisamos percorrer para o desenvolvimento da paz. Tais caminhos passam necessariamente pela tolerância e pelo diálogo entre os povos. Para o escritor argentino, mais do que desenvolvimento, o mundo moderno precisa de equilíbrio – “equilíbrio entre os homens, entre as nações; equilíbrio pessoal, equilíbrio com Deus”.

E acrescentou:

— Pesquisas comprovam que hoje, no mundo, existem 35 mil focos de fome. Não podemos dizer que vivemos em um mundo equilibrado diante de tamanha discrepância.

Pelo que entendi em minha rasa compreensão de ‘portunhol’, essa discrepância se dá, principalmente, pela concentração de renda que se espalha pelos quatro cantos do Planeta. E que, de uma forma ou de outra, açodam conflitos militares na África, na Ásia e, mais recentemente, na Europa Oriental, entre Rússia e Geórgia.

A busca da paz é um projeto que deve começar em cada um de nós, lembrou poeticamente Esquivel. Mas, fez uma ressalva para a atuação predatória das multinacionais e também para a ‘mecanização’ do homem.

— Somos hoje reféns das máquinas e precisamos voltar a se assenhorear do nosso tempo. Imaginou-se, um dia, que os avanços tecnológicos viriam para libertar o homem. Dar a ele mais tempo para viver, refletir. Mas, aconteceu justamente o contrário. Não há nada mais ‘incomunicável’ do que um celular. Muitas vezes, somos escravizados pelo computador — não se consegue viver longe de um deles. Por outra, queremos que o nosso carro corra, corra, corra cada vez mais. Há ocasiões que, de tanta pressa, corremos mais do que o tempo. Não percebemos que corremos para o nada.

Ao encerrar a sua fala, o prêmio Nobel da Paz disse que os povos não se submetem à soberania desta ou daquela potência unicamente por fatores econômicos. Um país deixa de existir, enquanto Nação, quando perde sua identidade cultural. Aí, sim, vem a submissão. Quando este não enxerga mais seus usos e costumes, seu idioma.

— Por isso, é fundamental que haja liberdade. Pois sem liberdade não existe amor e sem amor não se vive…

Falou e disse.