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Histórias da padoca

A história é recorrente: ministro que entra, ministro que sai.

Sempre pelo mesmo motivo.

Essa arenga me faz lembrar o amigo Gil (corruptela do cearense Gildefredo), despachado chapeiro que, nos idos dos anos 80, nos atendia no balcão da padoca ao lado da Velha Redação de piso assoalhado e grandes janelões para a Bom Pastor. Seo José, o portuga, era o dono do negócio, tinha uma filha, a jovem Marina, que era cobiçada por todos quando estava por ali, mas a grande atração do local era mesmo o Gil e a indefectível mania.

Qual mania?

Acalmem-se meus caros e fiéis cinco ou seis leitores – até parece que há fotos da Scarlett Johansson nua circulando por aí – que vou lhes contar.

Por mais que o freguês esmiuçasse como queria o lanche (uma fatia mais de queijo, mais vinagrete, sem maionese, com ou sem salada, essas coisas…) vinha sempre o mesmo x-salada. Exatamente igual. Sem tirar, nem por.

O mais engraçado é que o Gil prestava uma atenção danada e anotava tim por tim tudo o que dizíamos.

Agora vai, ingenuamente imaginávamos.

Na verdade, nunca foi.

Reclamávamos, ameaçávamos devolver a especiaria e nunca mais por os pés ali – mas, por fim, devorávamos o bruto que, justiça seja feita, era saboroso que só.

O caso dos ministros é diferente, indigesto pra caramba.

Não dá para se acostumar.

Trocar seis por meia-dúzia também não é solução.

E aí lembro outro frequentador da padaria – o bebum Ferrugem, polonês de origem e atormentado pelos horrores da Segunda Grande Guerra. Havia dias (ou melhor seriam, noites) em que ele se superava no pifão, então o polaco cismava de imitar um antigo presidente e proclamava em alto e bom som:

— Ou nos locupletemos todos ou instaure-se a bagaça da lei!