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Hoje só amanhã

Tem dia que o melhor a fazer é sair de cena.

Reconhecer humildemente que, por mais que batuque esse teclado, nada de interessante vai aparecer na tela do velho computador. Podem ser os eflúvios de dezembro – as festas natalinas, o ano que acaba, a proximidade das férias que antes pareciam tão distantes e hoje (a menos de sete dias do fim do ano letivo) continuam longínquas. Tanto e tamanho o que tenho para fazer.

Nos velhos e bons tempos das redações esfumaçadas, era o desafio da lauda em branco.

E agora?

A luz tela a rebrilhar à minha frente…

Não reclamo. Apenas a constatação de um blogueiro sem assunto. Assustado, diga-se, com a possibilidade de não cumprir a sagrada tarefa do dia.

Postar ou não postar.

Mais do que uma questão, convenhamos, é um compromisso.

Há quem vá levantar, com razão, que blog pode ser ou não ser jornalístico. Trata-se de um meio de comunicação pessoal, que pode ser ou não ser pública. Que o protagonista do blog é sempre o autor e que, muitas vezes, abre mão das funções elementares a qualquer texto jornalístico: o respeito à verdade factual, a postura crítica e a fiscalizadora.

Concordo – e não discuto.

Mas, digo que pode ou não ser assim. Hoje, por exemplo, exponho a vocês a angústia – acho que exagerei no termo, mas vá lá – de não ter uma boa história para lhes contar. Não invento uma só linha do que estou vivendo, como blogueiro e jornalista.

Poderia buscar numa das notícias do dia.

Falar do tremor em Minas Gerais ou do cataclisma corinthiano. Do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou da palestra que hoje assisti de um ex-embaixador americano (O homem caiu de pau no presidente lá deles, o tal de Bush).

Se trabalhasse em algum veículo, certamente teria que me submeter às regras do jogo. O editor ranzinza me cobraria isso e aquilo e, acima dele, o editor-chefe que lhe repassaria as “comidas” que havia levado do diretor-de-redação e assim sucessivamente, para cima e para o alto, até chegar no big boss, o dono do negócio.

Sim, porque jornalismo também é negócio.

Especialmente neste canto da web, não há outro compromisso senão com o leitor/internauta e o recado que quero lhe passar. Às vezes, posso exagerar, dar uma romanceada, fazer o papel de mocinho ou de vilão. Outras vezes, como agora, só abro meu coração e deixo escorrer o texto.

Não invento, nem aumento. Só comento…

Tudo para lhe garantir uma boa história. Que talvez eu escreva amanhã. Porque hoje o melhor a fazer é sair de cena…

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