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Marta e a rejeição do eleitorado

Não há como negar. Marta Suplicy fez uma boa administração à frente da Prefeitura de São Paulo a partir de 2001. Herdou a Municipalidade em cacos, após o período Pitta, e fez realizações interessantes como o saneamento das finanças e os propalados Ceus. Teve erros e vacilos, como a criação da taxa do lixo e o discurso de que governava para a periferia. Nada absolutamente comprometedor. No entanto, foi fragorosamente derrotada pelo então candidato José Serra nas eleições de 2004, apesar da milionária campanha que fez para reeleição.

Mais do que a análise de seu governo, alguns pontos influíram, de forma decisiva, para o resultado da eleição. Importante, por exemplo, destacar a escolha de José Serra como candidato do PSDB. Não só por sua trajetória política eleitoral, mas principalmente pelo residual de votos que manteve desde que, em 2002, disputou a Presidência da República, enfrentando Lula. Serra ainda estava na lembrança do eleitorado como um candidato de porte e calibre nacional.

Outro ponto decisivo foi a performance tíbia – o que é natural, mas não para os eleitores – dos dois primeiros anos do Governo Lula. Mesmo com bons índices de popularidade – só afetados posteriormente pelos escândalos do mensalão e afins – o paulistano preferiu algo mais “conservador” e com resultados convincentes no governo do Estado. Ou seja, uma administração tucana. É bem verdade que muitos já imaginavam que Serra não permaneceria no cargo até o fim do mandato – era óbvia sua futura candidatura para governador ou para presidente – resolveram arriscar.À época , a campanha do PT tentou bater na origem “um tanto suspeita” do candidato a vice, o então pefelista Gilberto Kassab – amigo do Maluf e secretário de Celso Pitta – mas, não surtiu efeito.

O terceiro aspecto que derrubou Marta foi que ela perdeu para ela mesmo. Desde a vitória no primeiro turno, ela adotou um discurso e uma postura que boa parcela dos paulistanos considerou “arrogante” — e essa imagem começou a ganhar contornos mais efetivos junto à população durante o mandato e especialmente depois que se separou do senador Eduardo Suplicy. Sei que vida pessoal é vida pessoal, mas a população não gostou – e ponto. Ao que consta, Marta nunca se preocupou com esse estigma que se consolidou definitivamente quando ela, então ministra do Turismo, soltou o célebre “relaxa e goza” em pleno apagão dos aeroportos.

A fama de antipática gerou altos índices de rejeição que pode afastá-la, ao menos por enquanto, de um segundo mandato como prefeita de São Paulo.