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Mas, porém, contudo, todavia…

Ele não queria ouvi-la dizer adeus.

Entendia que era hora de ela seguir os próprios passos, vida afora.

Mas, porém, contudo, todavia…

Preferia vê-la ali ao lado, ao alcance de seu olhar derretido, da proteção que imaginava poder lhe dar.

Há homens que se veem como provedores, eternos guardiães do bom caminho.

Era um desses, das antigas; embora não tivesse bem resolvido dentro dele a existência ou não do bom caminho.

“Eu não quero ter razão, eu quero ser feliz.”

Divertia-se com a máxima do poeta Ferreira Gullar – e, lá com seus fantasmas, confabulava:

Não existe uma receita para felicidade.

Há quem considere um trajeto claro e reto como plataforma de sucesso.

Para esses, estabilidade é sinônimo de segurança.

Outros preferem o caminho sinuoso do sonho, a montanha russa de sentirem-se livres e, ao mesmo tempo, vulneráveis, sujeitos ao sim e ao não da vida.

Não era preciso olhá-la duas vezes para compreender a que grupo ela pertencia.

Por isso, a partida agora era fundamental.

Sentiria saudades do bom-dia que a moça lhe dava, do aconchego dos abraços que trocavam, das conversas sem rumo que faziam a jornada de trabalho menos árida, mais suave.

Sorriu com a lembrança.

Também esta era uma forma de estar feliz.

Só agora se dera conta do “tudo de bom” que ela representava para o seu dia.

Não queria ouvi-la dizer adeus.

Mas, porém, contudo, todavia…

Era hora de ela seguir os próprios passos, vida afora.

Absurdo dos absurdos: comparou-se ao sol esquivo dos fins das tardes de outono, pronto a se apagar por trás das montanhas; mesmo assim saberia aquecê-la.