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O arrastar de dezembro

Tem um quê de vazio esses dias de dezembro.

Especialmente aqui no campus.

Os corredores, vazios. As salas de aulas, silenciosas. Professores, de expressão cansada à frente dos computadores, a ‘fechar’ os benditos diários de classe.

Há um quê de fim de temporada em tudo que está à nossa volta.

Não é diferente em outros lugares.

Mesmo nas redações, o ritmo é outro. Mais arrastado, diria.

Olhos atentos às escalas para saber quem vai trabalhar – e conseqüentemente quem vai folgar – no Natal, no Reveillon e no primeiro dia do ano.

Muita gente também pensa nas férias que se aproximam.

Os que não vão descansar fingem não estar nem aí.

Quantas vezes, ouvi comentários do tipo:

— Prefiro tirar férias fora da alta temporada.

Têm lá suas razões – mas, convenhamos, há uma pontinha de inveja na observação. Que, se fosse pra valer mesmo, não precisava ser feita. Concordam?

II.

Não lembro bem quando foi e onde foi. Sei que estava numa redação, provavelmente naquela semana lusco-fusco entre o Natal e fim do ano. Estava com as idéias na Lua e a agenda na mão. Me pus a folheá-la, página após página. Olhava o passar dos dias a instigar esta ou aquela lembrança. Um nome, uma data, um número de telefone rabiscado às pressas – de quem seria?

Uma viagem…

O tempo que o tempo engoliu.

Quando dei por mim já havia escrito na última página, em letras propositalmente desalinhadas:

“Fim de ano. Fim de tudo. Ano novo. Tudo de novo”.

III.

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente". Carlos Drummond de Andrade

IV.

O poeta e o leitor que me perdoem a proximidade de aspas tão díspares.

Que sem noção que sou…

Não resisti ao encanto da prosa drummondiana. Além do que, o texto me foi enviado, via email, pelo amigo Everaldo Fioravante, o Grilo, que não vejo há tanto tempo.

Bom demais saber notícias dos amigos que ganham o mundo e um dia reaparecem, como se nunca tivessem partido.