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O dito e a cuja

Pois, então…

Vou escrever hoje sobre o dito e a cuja não por vontade própria.

Escrevo porque o amigo Escova, que se refugiou na bucólica cidadezinha onde nasceu (estou terminantemente proibido de divulgar o nome do local pelo próprio), me cobra, via as benditas redes sociais, que batuquei, ao longo de oito dias, mais de 20 caracteres sobre o Brasil de hoje e nada disse sobre os tais: o sucessor e a pleiteante.

Comecemos pelo “dito” que não é outro senão o sr. Michel Temer.

II.

Reconheço, amigo Escova, que o homem teve papel relevante na construção do Golpe prestes a se perpetrar. Não descarto a possibilidade de ser um dos seus articuladores na calada das noites escuras que ora vivemos. A tal história do cavalo que passa encilhado, da oportunidade que só se dá em uma única – e especialíssima – circunstância. Os políticos gostam desta imagem.

Convenhamos, Escova, de que outra forma o homem chegaria à Presidência?

Mesmo com toda a cangalhada da mídia sobre o seu nome, ele não tem mais do que mísero 1 por cento nas pesquisas de intenção de votos para a Presidência. De resto, apenas 8 por cento acreditam que fará um bom governo. Ou seja, era pegar ou largar.

Pegou.

III.

Minha saudosa vó Ignês diria que ele se fez “de morto para ganhar sapato novo”.

Já na eleição do correligionário de partido, Eduardo Cunha, para a presidência da Câmara não interveio como deveria como “dono” do PMDB que se diz ser.

Desconfio que viu com bons olhos a insurgência do político à indicação do governo recém-eleito, mesmo que Cunha contasse com o perigoso apoio da bancada do PSDB para se efetivar no cargo como se efetivou.

Foi a primeira grande derrota do segundo mandato do Governo Dilma.

Não haveria calmaria pela frente. Sempre se soube disso.

A Senhora Presidente, reconheça-se, nunca foi de diálogo fluente com o Congresso. A partir de então, a coisa toda desandou.

IV.

Faço uma pausa para falar da Grande Mídia (hoje estou respeitoso além da conta) que, embora tivesse toda ficha de Cunha, foi leniente, diria, quase cúmplice, e pouco ou quase nada esclareceu sobre o assunto.

Algumas redações até comemoraram. Era interesse do patrão.

Sigamos…

V.

Por falar em imprensa, o Le Monde escreveu:

“Temer é um profissional das intrigas parlamentares”.

Ulalá.

No tempo em que eu e o você, Escova, éramos repórteres e corríamos atrás das caravanas de políticos como Montoro, Covas, Ulysses, Quércia – todos então do PMDB -, Temer já andava por lá, também como candidato.

Nunca o vi abalar multidões em cima de um palanque.

Sequer lembro de um pronunciamento seu.

Sempre eu o via nos grupelhos, nas conversinhas.

Estou enganado, amigo?

VI.

Feito o registro, voltemos aos tempos atuais.

Parece que o perfil e a atuação pouco ou quase nada se alteraram.

Houve o patético episódio da carta de lamentações contra Dilma que divulgou na vã tentativa de preparar o terreno. Depois a ‘ejaculação precoce’ do áudio que vazou (claro que propositadamente) ensaiando uma fala à Nação como presidente que ainda não é e, por fim, a farsa do desinteressado afastamento do processo de impeachment…

VII.

A imprensa internacional já o tem como um embuste.

A História talvez lhe seja ainda mais implacável.

Como o parça Eduardo Cunha, não deve durar muito no Poder.

*amanhã, escrevo sobre Marina, a cuja.