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Outras palavras…

… e o sonhar dos poetas:

I.

Por muito tempo achei
que ausência fosse falta.
E lastimava a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

Sinto-a tão aconchegante
em meus braços que rio,
danço e invento coisas alegres.

Essa ausência assimilada,
ninguém a tira de mim.

(Carlos Drummond de Andrade)

II.

SENHORA MINHA

E a coragem
existe?

E o amor
resiste?

E a loucura
persiste?

E você
não desiste?

Então…
dê-me esta mão
senhora minha
e vamos descobrir o mundo.

(Mauro Salles)

III.

TOADA

Fui sempre um homem alegre.
Mas depois que tu partiste,
perdi toda a alegria:
fiquei triste, triste, triste.

Nunca dantes me sentira
tão desinfeliz assim:
É que ando dentro da vida
sem vida dentro de mim.

(Manoel Bandeira)

IV.

A MEDIDA DO ABISMO

Não é o grito
a medida do abismo?

Por isso eu grito
sempre que cismo
sobre sua vida.

Tão louca e errada.

– Que grito inútil!
– Que imenso nada!

(Vinicius de Moraes)

V.

Dizem que vão
faltar os fatos,
todo mundo corre
a procurar boatos.

Agora…

… quando dizem que
vai faltar vergonha,
ninguém se toca.

Está todo mundo
acostumado.

(Lourenço Diaféria)