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Recém-casados

Estranho a fila de carros em velocidade lenta e morosa para aquele horário e para aquele trecho da via Anchieta.

Pouco depois das duas da tarde, passo aqui todos os dias, o tráfego é tranquilo e fluente.

O que será que aconteceu?

(…)

Logo minhas dúvidas se dissipam.

Não era um desavisado caminhão tentando a ultrapassagem, como imaginei.

Nem qualquer acidente, felizmente.

É, sim, um pequeno Ka que segue à velocidade “de cruzeiro”, digamos assim.
Sem pressa de chegar fosse onde fosse, com o casal de ocupantes a sorrir e conversar, como se aproveitasse a cada segundo a tarde que fizera ensolarada e –
por que não? – bela.

Os demais veículos “cortam” o carrinho pela direita, com alguma impaciência.

Alguns reclamam, gesticulando com os braços para fora. Outros buzinam.

Como um dos incautos ao volante, por pouco não entro para o rol dos reclamões.

Por sorte, algo me chama atenção.

Desconfio que poucos se deram conta da expressão pichada no vidro trazeiro, entre desenhos de corações:

“RECÉM CASADOS”.

Ao ler a inscrição, desisto de qualquer recriminação.

Ao contrario. Se desse, eu os parabenizaria pelo enlace e pela disposição de ser feliz nesse mundo competitivo que vivemos. Também os cumprimentaria por, de alguma forma, anunciar ao mundo que o amor existe – e é o caminho, a verdade e a luz.

Eles, sem saber, me fizeram lembrar o mestre Cassemiro dos tempos do curso secundário que nos cobrava estudos diários. Sem, no entanto, esquecer de nos incentivar a ser feliz e amar e amar e amar.

Ele dizia mais ou menos assim:

“Não há nada mais bonito que um jovem sonho de amor.”