Foto: Daniel Arrhakis/Flickr
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Hoje preferia não escrever.
Falta-me vontade, pois me falta esperança.
Para que tocar um texto que leve as pessoas a se sentirem tão entristecidas como agora estou?
Como não sinalizar aos meus raros e caríssimos cinco ou seis leitores alguma luz na longa jornada noite adentro, com alguma possibilidade de redenção a dias tão obscuros?
Espero que me perdoem – é meu ofício e dever.
Talvez ao longo dos dias, juntos e misturados, a gente encontre alguma saída.
Por hora, este humilde escriba não vê nenhuma.
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Os assuntos que pautam a conversa de hoje retratam um Brasil que, juro, eu nunca imaginei descrever.
1 – Um ano da morte de Marielle e do Anderson, seu motorista.
2 – A tragédia na escola de Suzano.
Não poderia ser diferente, concordam?
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Dói em mim a sensação que tais monstruosidades não sejam fatos isolados neste Brasil que ora se constrói e solidifica no embuste, na difamação, na intolerância, no ódio, no culto às armas e à violência.
O Brasil está muito doente.
Pior: não vejo quem possa salvá-lo.
A não ser que todos se irmanassem na construção de um só e generoso Brasil.
Chegaremos a esse estágio algum dia?
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O caso Marielle/Anderson continua a desafiar instituições e autoridades, bem como nossa reputação de país democrático no Exterior. Prenderam os supostos assassinos às vésperas das manifestações programadas para esta quinta, dia 14, quando a cruel execução completa um ano.
Resta saber quanto tempo levaremos para saber quem são os verdadeiros mandantes e as razões para o bárbaro crime.
Saberemos algum dia? – eis a pergunta que não quer (e não deve) se calar.
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O massacre na escola de Suzano é igualmente preocupante. Põe em xeque nossas autoridades e nossas instituições. Revela nosso descontrole e total esgarçamento do tecido social. O mais chocante – além, óbvio, das vidas de inocentes que se foram tão cruel e precocemente – é pensar que o embuste, a difamação, a intolerância, o ódio, o culto às armas e à violência sejam, daqui para frente, as marcas do Brasil de amanhã.
Temo que nosso futuro já esteja comprometido por gerações e gerações.
Leila Kiyomura
14, março, 2019Caro amigo, você tem toda razão. O Brasil está doente. Muito doente. Um Brasil jamais visto antes. O que levou dois jovens a matar inocentes com tanta crueldade? E depois se matarem com o mesmo ódio? E sob esses corpos o que existe, além da tristeza infinita dos familiares? Talvez o imenso descaso já tão apontado e denunciado com o futuro das nossas crianças. Educação não é só construir escolas, falta edificar esperança. Não com armas de fogo, mas com projetos. A porta da escola em Suzano estava escancarada. Como todas as outras escolas, não há segurança. E a segurança que existe porta armas, está pronta para matar … É realmente muito triste.
O Brasil caminha como um doente terminal, como todos os doentes não vai encontrar um atendimento especializado no SUS. E o remédio qual seria? Onde buscar a terapia da integridade, da ética, do respeito, da fraternidade, compaixão e especialmente da solidariedade…
Onde? …