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Frango com polenta – 2

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Foto: reprodução do Facebook

Como ia dizendo no post de ontem…

Se não fui um assíduo frequentador da Rota do Frango Com Polenta, tenho boas lembranças do lugar.

Lembranças que começaram quando eu ainda era criança e atendia pelo apelido de Tchinim.

Conto essa historieta a seguir.

O pai trabalhava na Fábrica de Tecidos Vetorazzo, instalada no icônico bairro do Cambuci. O Velho Aldo era uma espécie de ‘faz tudo’ da repartição, o chamado ‘pau pra toda obra’. Fazia serviços administrativos, visitava clientes e fornecedores, tirava pedidos e, sempre que necessário, dava uma de motorista.

A família Vetorrazo tinha um sítio enorme na região que hoje é o bairro do Demarchi. Quando o proprietário, o Sr. Alexandre, e os filhos Walter e Rolando pensaram em abrir uma segunda unidade para incrementar a produção de helanca, a coqueluche do setor textil no mercado nacional da época, adivinhem o local escolhido?

Por isso, gosto da companhia dos meus cinco ou seis leitores, acertaram de primeira.

À época, meados dos anos 60, por ali só havia a Volkswagem, chácaras e sítios e os primeiros e malajambrados restaurantes capitaneados por famílias italianas.

Em função dessa empreitada, o pai ficou incumbido de ir e vir da então distante São Bernardo duas ou três vezes por semana.

Sempre que era possível, o Aldão passava em casa “para um passeio diferente” a bordo da possante Vemaguet de um dos filhos do patrão.

No caminho, vinha a boa nova:

– Vamos almoçar nas Colônias (que era como se conhecia o lugar em São Paulo).

Foi só o começo.

Tenho outras boas lembrança da Rota no decorrer dos anos.

Lá entrevistei o cantor Fagner e o violeiro Almir Satter quando fizeram shows no São Judas (que encerrou suas atividades dois ou três anos atrás).

Fui à animada festa de casamento do saudoso e inesquecível amigo Made Coppini. Lembro que o hit do momento era a música ‘Menina Veneno’ e os casais se esbaldavam na pista de dança.

Mais tarde, como editor, pautei uma reportagem divertida sobre a maratona dos garçons em uma noite de casa lotada. Atendiam mais de 3 mil pessoas. Só um dos garçons – a reportagem fez a medição – circulou, naquela jornada, aproximadamente nove quilômetros entre servir as mesas e o trajeto da cozinha.

Encontrei amigos e conhecidos em almoços divertidos e jantares intermináveis noite adentro, capitaneados pelo grande Maurício de Castro (que foi vereador e vice-prefeito na cidade).

Participei do tradicional programa dominical em família mil e uma vezes.

Enfim…

A rotina de milhares e milhares de pacatos cidadãos ao longo desta jornada que começou ali pelos anos 40.

Leio nos jornais da região que, em 25 de agosto agora, o restaurante São Francisco vai encerrar suas atividades após 57 anos de gloriosa existência.

O amigo Valdir Boffetti me garante que o Florestal, outro emblemático estabelecimento do lugar, promete resistir à crise e a esses tempos destrambelhados que ora vivemos.

Tomara!

De qualquer forma, porém, fiz questão de resgatar essas lembranças.

Talvez possam servir de alerta para o naco de história e cultura popular que se esvai pelos vãos de nossos dedos.

Talvez expressem apenas meu lamento.

E o enorme vazio das coisas que, inevitavelmente, se perderam.

 

1 Response
  • VERONICA PATRICIA ARAVENA CORTES
    4, agosto, 2019

    Que coisa…

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