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S. Antônio, rogai por nós

Pádua, Itália.
Nove ou dez anos atrás.
Meu filho tinha 17 ou 18 anos.
Vê-lo rezar, de olhos fechados
junto às relíquias do padroeiro,
na matriz de Santo Antônio
é uma das imagens mais bonitas
que tenho gravada em
minha mente. Olhei de longe –
e guardei na memória.
Nada lhe perguntei.
Sequer comentei. Mas,
em meio àquela pequena
multidão de peregrinos,
esta foi mesmo uma
cena inesquecível.

Não duvido que Santo Antônio
tenha atendido àquelas preces.
Estamos todos bem –
e são e salvos e fortes…

II.

Bruges. Bélgica.
Há quatro ou cinco anos.
A cidade é encantadora.
A gente se vê dentro de um
presépio. Um rio sinuoso
corta o centro antigo,
onde turistas caminham
em meio às construções
medievais; belas, belíssimas.

Um vento cortante e gélido
faz com que procuremos
abrigo e algum descanso
na igreja central. As imagens
dos santos nos impressionam.

Como é hábito dos turistas,
fazemos um périplo pelos
corredores laterais da secular
construção. Todos em absoluto
silêncio. Há um canto gregoriano
de fundo. Mas, a voz que
se ouve é inconfundível.

Em tom de fervoroso devoto,
meu sobrinho Gui, então com 17 anos,
não deixa a menor dúvida do que quer:

— Se liga, Santo Antônio,
maior respeito, mas me arranje
uma namorada bem rica. Beleza?

Pela expressão bem-humorada
da imagem, talvez seja minha
imaginação, mas acho que logo
logo o menino vai se dar bem…

III.

Se algum de vocês, meus queridos
cinco ou seis leitores, passar pelos
arredores da igreja Santo Antônio do Pari,
reparem se não há um rapaz cabeludo,
também aí por volta dos 17 ou 18 anos,
com ar contrariado de quem passou
a vida a esperar.

Ele está de roupa nova,
um tanto ultrapassada para os dias atuais.
Mas, o que fazer se ressurgiu agora
do túnel do tempo, ainda com
a esperança de que a “bandidinha”
apareça, como prometeu.

Vou lhes contar como foi.
E foi no mais antigo dos anos.

Eles se conheceram na praia
num desses fins de semana de verão.
Caminharam pela areia e
conversaram o que conversavam
os jovens daquela época.

Ela voltaria para São Paulo
naquela tarde. E ele insistiu que
queria tornar a vê-la.

A menina ficou sem jeito,
talvez namorasse alguém por
aqui, mas concordou.

Combinou então de encontrá-lo
no sábado seguinte, às sete da noite.
Em frente à igreja de Santo Antônio do Pari.

— Pari?

— É Pari…

Ele topou, mesmo sem ter a menor
noção de onde ficava o bairro operário
paulistano e quantas conduções
tomaria para lá chegar.

Contou os dias, as horas, os minutos
da semana que teimava em se arrastar.

No dia, hora e local aprazados,
lá estava ele… E desconfio, com uma
ponta de nostalgia, que muito do
meu sonhar ainda continua por lá.

À espera de quem nunca virá…

Valei-nos Santo Antônio…