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Saudades de mim

Tem dia que a gente se sente…

Este é um deles.
Não me perguntem o porquê.
Não sei sequer como descrevê-lo.
Creio que vocês me entendem.

Todos nós – com maior ou menor
freqüência – já nos sentimos assim
algumas ou muitas vezes na vida.
A gosto do freguês.

É um certo desconforto.
Um ausentar-se de tudo e de todos.
Um esconder-se.

Poderia alegar que é segunda e chuvosa
e na seqüência de um fim de semana
prolongado com feriado na terça.

Poderia alegar a saudades
de alguém sei-lá-quem.

Ou a falta de planos para a viagem
das férias – doces férias –
que se aproximam.

Poderia alegar tanta coisa
e nenhuma. Mas fico mesmo
em coisa nenhuma que
justifique esse desassossego.

Sei lá…

Imagino que, se fosse uma
quarta ou quinta de sol,
também estaria assim.

Triste, triste.

Talvez não seja esta a definição.
Não há motivos relevantes para tal.

Que a grana anda curta,
todos sabemos e assim é
e sempre foi e ponto.

Que ainda há uma pá de coisa
pra fazer até ouvirmos “hohoho”
do papai-noel, nenhuma novidade.

Que 2008 está nas bocas e
promete ser um ano daqueles
brabos, ninguém duvida.

Mas, convenhamos queridos leitores.

O 13º promete dar uma aliviada –
mesmo que em janeiro
a corda aperte nosso pescoço.

Já embicamos para chegar em
dezembro, reclamar agora do quê?

Andamos boa parte do caminho.
Agora é dar o sprint final.

Sobre o ano que se aproxima,
deixemos nas mãos do Bom Deus.

Afinal, dizem pela aí,
o futuro a Ele pertence…

Hoje é o que vale. E hoje
estamos são e salvos e fortes…

Mas, caramba, que enfado
é este, então?

A canção no rádio tenta explicar:

“Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu”

Velho e bom Chico.
Deveria ter pouco mais de 20 anos
quando fez a letra de Roda Viva,
entre 66 e 67. Irretocável,
precisa, de uma crueza absoluta
a partir do primeiro verso.

E eu aqui pra lá dos 50, nada
a dizer, nada a explicar

Por isso, busco as palavras que
alinhei em outubro de 1999, mas
bem poderia tê-las escrito hoje:

"Ando saudoso do tempo em que
a esperança era um dom natural,
o futuro era ali adiante e todos,
ao menos me parecia,
acreditavam que, claro,
era possível mudar.

Ando saudoso de nós,
é verdade. Ando saudoso
dos tempos em que era possível
acreditava que o sonho era
pra hoje. E, olha, mesmo lutando
para não perder a esperança,
ando mesmo é saudoso de mim”.