Todos juntos, vamos!
Pra frente Brasil, salve a seleção!
(…)
Se vamos, não sei.
Mas…
Lá vem outra Copa do Mundo…
Tinha sete anos quando ouvi a primeira Copa pelo rádio. A da Suécia, em 1958.
Brasil, campeão do mundo pela primeira vez.
Serei sincero, como de hábito.
Não entendi exatamente a alegria conjunta de palmeirenses (como eu e o pai), corintianos, são-paulinos, santistas e congêneres. Todo mundo campeão e feliz, sem discussões, provocações e embates. Não achei qualquer graça.
Coisa chata!
(…)
Em 62, também ouvi pelo rádio – e, aqui no Brasil, vimos os tapes dois, três dias após os jogos já terem acontecido. A narração na TV Tupi era de Walter Abrahão.
Brasil, bicampeão.
Garrincha só não fez chover.
Jogou muito!
Decidiu quase sozinho todos os jogos.
Foi o melhor jogador da Copa.
Diria a mais completa atuação de um jogador em todas as Copas que desde então acompanhei.
Mais do que Pelé em 70 e Maradona em 86.
Vejam os tapes – e confiram!
Garrincha, o anjo das pernas tortas, é um injustiçado na história do futebol.
(…)
Em 66, também ouvi pelo rádio.
Sozinho, sozinho.
Passava férias na casa da minha irmã em Campinas. Ela cuidava do filho recém-nascido, o meu cunhado trabalhava o dia todo – e não tinha qualquer amigo por lá.
Foi um sofrimento só.
Que tragédia!
Adolescente, não conseguia conceber o Brasil derrotado na primeira fase. Assim sem Pelé, sem qualquer explicação para a minha soberba futebolística.
Nem os Beatles, nem os Rolling Stones, sequer os filmes do Elvis foram suficientes para aplacar minha tristeza absoluta.
(…)
Quatro anos depois, foi a redenção.
A Copa mais encantadora que vivi.
Um espetáculo inesquecível protagonizado por craques inesquecíveis – e, que me perdoem os mais jovens que não puderam ver ao vivo e em preto-e-branco (pois, foi a primeira Copa com transmissão direta pela TV), nunca houve nada igual.
De quebra, pelas ruas da Cidade, se ouvia o samba de Paulinho da Viola:
“Foi um rio que passou na minha vida
E o meu coração se deixou levar.
Laiá… Laiá… Laiá… Laiá…
(…)
Tinha 19 anos, então.
Depois disso, precocemente até, desapaixonei da tal seleção canarinho. Mas, isto é uma outra história que fica para uma outra vez.
Amanhã, talvez…
O que você acha?