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Vazou minha conversa com o Escova

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Foto: Arquivo Pessoal

Transcrissão do Whatsaap:

” Quebrou a promessa, Rudi?

” Qual?

” Está pior do que eu pensava, amigo. Não lembra não?

” Que eu saiba você não é nenhum santo para lhe fazer promessas. Sei do seu passado, Escova, e não recomendo.

” Entendi que fez a promessa a você mesmo enquanto caminhávamos pelas ruas do Ponto Fábrica onde encontraríamos velhos amigos do tempo da redação. Lembra? De resto, me isento de qualquer odor de santidade.

” Não lembro, cara. Quando foi?

” Ah, sei lá, Rudi. Faz algum tempo. Ainda estava no Brasil. Me pareceu importante para você.

” Tá me zoando, né? Só porque está no bem_bom das Oropas quer me esculachar ainda mais.

” Não é bem assim, estagiário.

(Quando cheguei à redação, como redator-estagiário, Escova já dava suas rabiscadas por lá há algum tempo. Meu deu boas-vindas e alguns muitos toques pra melhor meu sofrível texto. Daí que, quando pretende me por no devido lugar, usa esse tratamento entre o deboche e o afeto.)

” Rapaz, estou começando a levar a sério. Ando mesmo um tanto desmemoriado.

” Não se faça de o desentendido. Sei que é importante pra você. O ano está acabando – e nada de livro novo.

” Ò divino mestre captei sua mensagem. Lembrei.

” Pois é… E?

” Foi um ano estranho. Não me senti confortável. Fiz alguns contatos, prospectei dois ou três profissionais que se diziam especialistas na área e tal… Fiquei protelando, eles me enrolando com o tal ‘pra semana a gente conversa’- e lá pro meio de setembro me convenci que, sem chance, era melhor dar essa pausa.

” O mundo anda muito competitivo, meu caro. Até entendo, mas não justifica.

” Agora bateu um remorsinho. Deveria ter feito por conta e risco. Promessa é promessa. Na verdade, era mais um compromiso comigo mesmo.

” Compensa o ano que vem. Dobra a promessa para compensar o ano perdido.

” Ei, cara, não é simples. Escrever um livro por ano, como lhe falei naqueles idos e vividos anos…. Acho que foi 2010 quando lancei meu segundo título… Escrever eu até escrevo, agora publicar são outros quinhentos.

” Dois títulos o ano que vem, topa?

” Pode ser e-book?

” Até pode. Mas, sabemos bem, eu e você, somos velhos repórteres do jornal impresso, das letras com serifas, do papel, com o cheiro da tinta. Fechado, então? Dois livros…

” Hãhã. Não garanto. Vou pensar.

” Pensa muito, não. Escreva.

(Escova é uma amigo querido, aquele que se autoexilou nos arredores de Paris logo após o impeachment da presidente Dilma e não pensa em voltar. Diziam que éramos bem parecidos no jeito de encarar a vida. Não concordava muito. Ele é mais aventureiro e determinado. Gosto de conversar com ele. Trocamos mensagens no zap quase todos os dias. Parece que converso comigo mesmo. Única diferença é que, por vezes, ele me diz as verdades que nem eu mesmo gostaria de me dizer.)

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