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Woodstock, 40 anos depois

Tinha 18 anos em agosto de 1969.

Portanto, não tenho escapatória.

Sou da geração Woodstock.

Não que isso me faça melhor ou pior.

Nem altera em nada o nada que sempre fui e, modestamente, continuo sendo.

É que ontem o festival dos festivais completou 40 anos e a mídia – inclusive nós, os blogueiros – temos uma atração incontrolável por datas e números redondos.

Quando esquecemos de escrever algo sobre o assunto, é inevitável que alguém chegue com a inevitável pergunta:

— O que representou Woodstock na sua vida?

Tomo voluntariamente a iniciativa da resposta para preencher esses dois vazios – o registro que não fiz no blog e a pergunta que não me fizeram, mas poderiam e deveriam ter feito.Também porque é manhã de sábado e não lembro de nada mais interessante para lhes escrever.

Lamento decepciona-los, mas, em 69, nada representou para nós, roqueiros suburbanos de Sampa, o festival que levou de milhões à zona rural de uma pequena cidade, que esqueci o nome, ao lado da pacata Woodstock que ficou com a fama, mas não quis receber o contingente de malucos-belezas.

Nada representou por um motivo muito simples.

Não éramos globalizados em tempo real.

Só tivemos a dimensão do que de fato ocorreu na zona rural de Bethel (lembrei o nome da tal cidade) ano e meio depois, quando chegou às telas de nossos cinemas o documentário de quase quatro horas de duração com o registro das delirantes apresentações.

Naquele tempo havia as tais sessões corridas. Praticamente passamos a ‘morar’ no cinema para ver, rever e ver de novo e outra vez Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Jone Baez, Santana, Richie Havens, The Whoo e Joe Cocker, entre outros.

Aliás, tenho um amigo contemporâneo que defende a seguinte tese. As conquistas da geração paz e amor foram muitas e tantas e tais. Se o mundo não é o que devia ser, não foi por falta de trilha sonora. Agora nosso grande legado para a posteridade é, sim, a possibilidade ampla, geral e irrestrita de poder dedilhar uma guitarra imaginária, como Cocker em “With a Litle Help On My Friends” e, ainda assim e catatonicamente, se sentir o máximo.