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45 anos e um dia depois…

21 de junho de 1970 – O Brasil conquista o tricampeonato mundial no México, em Guadalajara, ao vencer por 4 a 1 a seleção italiana.

Foi uma das maiores alegrias que vivi – talvez a maior, talvez – no âmbito do futebol. Adoro futebol. Desde que me conheço por gente, o Planeta Bola é referência em meu imaginário, em minha vida.

Assistimos a maioria das partidas na casa do amigo Astrogildo e depois saíamos pelas ruas do Ipiranga a comemorar, ao lado de outros moradores, as vitórias do escrete.

Na finalíssima, fomos a bordo do Jeep antigão, do Cláudio Messias, para a avenida Paulista, onde acontecia algo que se assemelhava aos carnavais de então. Lembro o pessoal a cantar a marchinha “Pra frente, Brasil” e, vez outra, alguém engatava o samba de Paulinho da Viola, “Foi Um Rio Que Passou na Minha Vida”, que fazia, à época, um sucesso extraordinário.

Tinha 19 anos – e, como diria o Poeta, trazia em mim todos os sonhos do mundo.

Foi a seleção que mais me encantou.

Mas, perdoem-me a ousadia e o politicamente incorreto, não foi a melhor seleção brasileira de todos os tempos.

Fico com a seleção de 1958.

Jogador por jogador, é quase uma goleada.

Gilmar, melhor que o Félix.

Djalma Santos (meu preferido) e Carlos Alberto se equivalem.

Bellini e Orlando, incomparáveis em relação a Brito e Piaza.

Nilton Santo e Everaldo, sem comentários.

Zito, melhor que Clodoaldo.

Didi, melhor que Gerson.

Jairzinho foi o artilheiro da Copa de 70, mas Garrincha é Garrincha (foi e sempre será).

Tostão era mais habilidoso que Vavá, mas o Tanque de Aço foi mais efetivo nas duas copas (58 e 62).

Rivelino, sim, melhor que Zagalo.

E Pelé jogou nas duas.

Não sei lhes dizer o que mais me impressiona ainda hoje: a genialidade de Pelé aos 30 anos, em 70, ou o impacto do aparecimento do eterno Rei do Futebol, aos 17 anos, na Suécia em 1958.

Enfim…

Pelé é Pelé – e basta.

*EM TEMPO

Neymar não é Pelé, e tem todo o direito de dar um bico na bola ao final de uma partida em que nada deu certo. Ainda mais contra colombianos raivosos, que triscaram suas canelas e sua alma o jogo todo. Deu azar que a bolada pegou em Armero que voou feito uma libélula desencarnada. O que se deu a seguir foi confusão de fim de jogo em que o brasileiro mais apanhou do que bateu… Os problemas do futebol brasileiro são bem maiores do que os pitís do garoto bom de bola.

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