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A poesia do modernista

Versos de Oswald de Andrade para este domingo de sol esquivo:

CONTRABANDO

Os alfandegueiros de Santos
Examinaram minhas malas
Minhas roupas
Mas se esqueceram de ver
Que eu trazia no coração
Uma saudade feliz
De Paris

PRENOMINAIS

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas, o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

APERITIVO

A felicidade anda a pé
Na Praça Antônio Prado
São 10 horas azuis
O café vai alto como a manhã de arranha-céus
Cigarro Tietê
Automóveis
A cidade sem mitos

O VIOLEIRO

Vi a saída da lua
Tive um gosto singulá
Em frente da casa tua
São vortas que o munda dá

RELÓGIO

As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas vão e vêm
Não em vão
As horas vão e vem
Não em vão.