Caetano e Roberto, os vi ontem no Fantástico, por breves minutos; não os verei hoje quando aportam em Sampa para o show/homenagem aos 50 anos da bossa nova. Vão interpretar canções de Tom Jobim. Um encontro raro de dois nomes vitais para a MPB, remanescentes do turbilhão dos anos 60; desconfio que ainda seja este o momento mais promissor de nossa música popular. Houve de tudo ali. Um restinho de bossa nova, a música de protesto, os festivais, a Jovem Guarda, o Tropicalismo, a cumplicidade da TV; a geração de ouro da MPB.
Houve época em que não perdoaria por tamanha falta. Cobri shows e espetáculos por quase 20 anos – e era sinal de prestígio fazer parte da lista de convidados.
Hoje, os tempos são outros. Como dizem meus alunos, ando sussa. Prefiro esperar o DVD e sem grandes expectativas.
II.
Entrevistados pela apresentadora Patrícia Poeta, não foram além dos elogios mútuos e cantaram, no encerramento, as músicas que fizeram para reverenciar o outro. Roberto fez “Debaixo dos Caracóis do Seu Cabelo” quando Caetano estava no exílio em Londres por força dos militares de plantão. E Caetano, por sua vez, fez “Força Estranha” que Roberto gravou e até deu uma ajudinha na letra.
Mínima, mas ao melhor estilo RC.
A letra original de Caetano era:
“Por isso uma força
Me leva a cantar.
Por isso essa força
Estranha….
(E Roberto acrescentou:)
… no ar”
III.
Os dois contaram o episódio e riram. Caetano, disse Roberto, hesitou alguns instantes até aceitar tão transcendente colaboração. Mas, aceitou.
Palavra de Rei, convenhamos, tem lá um tom majestático – e imperativo.
Como contrariar Roberto?
E por aí a entrevista se encerrou…
E eu, me perdoe Patrícia, senti uma baita saudades da Glória Maria.
Que, volto a citar meus alunos, também deve andar “sussa” pela aí.
Enfim…
Vida que segue…