VI.
Tudo certo e resolvido.
No dia e hora apraz combinados, lá estava o imponente caminhão de bombeiros repleto de presentes para os miúdos, palhaços e até dois desavisados rapazes vestindo fantasias de Banana de Pijama. O Papai Noel, a estrela do dia, foi o último a chegar, com maquiagem carregada, barbas esfiapando e psicologicamente preparado para a empreitada.
— Tudo pronto Papai Noel? Podemos ir?
A pergunta do bombeiro-chefe recebeu a melhor das respostas;
— Hohoho…
VII.
E assim, sirene ligada, começou o longo itinerário.
Para na primeira creche, musiquinha de Natal bombando, vêm as crianças, rodeiam o veículo, e recebem seus presentes.
— Papai Noel! Papai Noel!, gritam esticando os bracinhos em busca das bolas coloridas, bonecas de plásticos e caminhõezinhos de madeira.
E ele firme:
— Hohoho…
VIII.
A andança continua.
Caubi vai se emocionando mais e mais, a cada parada.
É “hohoho” pra cá, é “hohoho” pra lá.
Estava se achando o máximo.
Que satisfação!
Nunca imaginou que fosse tão bom ser o bom-velhinho.
O que é a fama…
IX.
Estava na décima quinta parada quando percebe que há fotógrafos registrando a ação dos bombeiros e até uma repórter loirinha quer sua impressão sobre um tal de “espírito do Natal”.
— Por favor, Papai Noel, o que o senhor acha desta jornada em nome dos mais humildes?
Ele engole o discurso, e diz categórico:
— Hohoho…
X.
De repente, quem ele vê à janela do primeiro andar de um prédio de escritório?
Ela, Marta, a sua Marta…
E está sorrindo, parece aprovar aquela festa toda.
Está mais linda do que nunca.
XI.
Ele não resiste.
Esquece todas as promessas, e acena para a mulher amada.
Sem pensar nas conseqüências e na correria das crianças, grita espalhafatoso:
— Marta, Marta, sou eu… Esse cara sou eu: Reinaldo Caubi, o homem de sua vida.