Leio na home do Uol que , só em Sampa, quatro espetáculos saúdam os 70 anos de Chico Buarque de Holanda.
Merecido esse mergulho na obra do de Chico Buarque. Na música popular, no teatro e na literatura, Chico é o cronista do Brasil de todos os brasileiros.
Desde o princípio, revelou-se um talento promissor.
Estreou com um compacto simples com duas obras primas: “Pedro Pedreiro” e “Sonho de Um Carnaval”, músicas e letras que já preconizavam a genialidade do compositor que mal completara 20 anos.
Eu era garoto e torci por ele no festival da música popular brasileira em 1966. Achei justa a divisão do primeiro lugar entre “A Banda” e “Disparada”. Soube depois que a proposta de ter as duas canções como vencedoras foi do próprio Chico que, pelo júri, seria o único vencedor. Um admirável gesto de grandeza.
Já era rapazola de tudo (tinha 17 anos) quando Chico nos surpreendeu com os versos tristes de Roda Viva no festival seguinte no ano histórico de 1967. É certo que eu não ainda tinha a percepção sobre a dura realidade em que vivíamos – a ditadura prestes a se escancarar. Talvez por isso minha simpatia toda foi para as novidades de “Domingo no Parque” (Gil) e “Alegria Alegria” (Caetano). Venceu “Ponteio”, de Edu Lobo e Capinam. Merecidamente.
Ano seguinte, o incandescente 1968, Chico, em parceria com Tom Jobim, venceu o Festival Internacional da Canção, com a belíssima “Sabiá”. Mas aí já era um nome consagrado no cenário artístico brasileiro. Com 24 anos de idade, reunia uma coleção de canções inesquecíveis e que marcaram época: “Olê Olá”, “Carolina”, “Noite dos Mascarados”, “Tem Mais Samba”, “Januária”, “Quem Te Viu e Quem Te Vê”, “Com Açúcar e Com Afeto”, “Realejo”, “Morena dos Olhos D’Água”, entre outras.
Em 69, o tempo fechou por aqui. Chico foi obrigado a viver fora do País. Por três anos, morou na Itália. Quando voltou, continuou a incomodar os Donos do Poder, enfrentou a censura e se consolidou como compositor, dramaturgo e escritor. É dono de uma obra única, irrepreensível, seja qual for a área que atua.
Se me fosse dado o direito de indicar um nome à Academia Brasileira de Letras, não teria dúvida em indicá-lo. Só não sei se Chico Buarque aceitaria vestir o tal fardão…