Como medir o tempo, o ilimitado, o imensurável?
Como ajustar o nosso comportamento e mesmo o reger do curso de nossas almas de acordo com as horas e as estações?
Gostaríamos, sim, de fazer do tempo um rio, na margem do qual sentaríamos para observar placidamente o correr das águas.
Contudo, é importante que fiquemos atentos, pois quando o tempo nos escapa a vida também nos escapa.
Ontem é apenas a recordação de hoje.
Hoje é o sonho de amanhã.
Aquilo que canta e medita em nós ainda faz morada naquele primeiro momento em que as estrelas foram semeadas no espaço.
(…)
Quem, entre todos, não sente o amor, embora ilimitado, circunscrito dentro do próprio ser?
Quem, entre todos, não sente esse amor a se mover de um pensamento amoroso, de uma ação amorosa a outra?
Quem não entende que é o tempo exatamente como o amor, indivisível e insondável?
Se todavia alguém dividir o tempo em estações…
Que cada estação envolva todas as outras estações.
Que o presente abrace o passado com nostalgia e o futuro com ânsia e carinho.
* A propósito dos posts desses dois últimos dias, o amigo Poeta deixou, na portaria do prédio onde moro, uma encomenda: uma pequena caixa de papelão e, dentro dela, uma mini ampulheta “para decorar a mesa de trabalho” e o texto acima, de autoria do escritor Gibran Khalil Gibran, o autor de O Profeta.
“Mandei outra encomenda igual para o Escova”, diz o amigo em mensagem no celular. “Acho que vocês estão precisando”.