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O mascote e o professor

O pai me disse que eu seria o mascote do Invictos Futebol Clube, da Aclimação. Ele havia mandado confeccionar o fardamento igualzinho aos dos jogadores e pensou em colocar atrás da camisa o número 7.

Tinha sete anos à época, ele viu alguma magia em fazer tal associação.

– O que você acha?

Perguntou por perguntar. O pai era assim. Diria até deliciosamente assim. Decidia as coisas por nós, mas fazia nos acreditar que éramos parte da decisão.

Além do que, eu não achava nada. Mas, considerei a ideia boa. Entraria no campo gramado do Distrital da Aclimação junto com aquela rapaziada boa-de-bola, que eu tanto admirava, e que hoje sequer o nome eu lembro. Depois ficaria ali na pequena arquibancada, ao lado dos italianos e oriundi, todos amigos do pai que assim se divertiam nas manhãs de domingo.

O fim da jornada era no bar do Pepino. Os adultos iam de cerveja, Antárctica ou Brama (motivo de grande discussão) e a meninada se esbaldava no guaraná caçulinha.

O almoço em família era sagrado. Depois a sesta e, em seguida, a turma toda ou ia para o futebol ou ia para o Jóckey Club.

O pai era operário na Vettorazzo Tecidos – e seus amigos tinham o mesmo nível. Eram relojoeiros, alfaiates, trabalhadores comuns.

Na maioria, eram palmeirenses e corintianos. Também havia um outro são-paulino. Não importava os times que jogassem, eles iam juntos aos estádios. E, além das brincadeiras e das provocações que faziam entre si, não lembro de qualquer rusga maior entre eles.

Gente simples, divertida e do velho bairro Cambuci.

Hoje, na aula de pré-projetos dos trabalhos de conclusão do curso de jornalismo, um grupo de alunos me trouxe a proposta:

– Professor, queremos fazer um doc de TV falando da evolução do torcedor de futebol nos estádios…

Imagino a cara que devo ter feito, pois logo em seguida um dos garotos fez a emenda, mais do que cabível:

– Evolução, não. A mudança nos hábitos do torcedor de futebol nos estádios…

Pode ser um belíssimo trabalho.

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