XXVI.
Acertou quem cravou a resposta nas manifestações de rua que se iniciaram em junho de 2013.
Estou para dizer – se há um exagero nisso, perdoem-me – que o País nunca mais foi o mesmo depois daqueles atribulados dias, Para o bem e para o mal.
Aliás, já fiz algumas alentadas leituras sobre o fenômeno. No entanto, não houve autor que me explicasse, com objetividade, o que de fato ocorreu naquele atribulado período entre a Copa das Confederações e o Mundial de 2014, de triste lembrança.
Vou lhes dizer que as questões ainda hoje permanecem sem respostas convincentes.
XXVII.
Como um movimento que começou se indispondo contra o aumento das tarifas dos transportes públicos “colou” implacavelmente em três figuras que, em primeira instância, nada tinham a ver com a reivindicação. Em duas ou três semanas, despencaram os índices de aprovação da presidente Dilma, do governador de São Paulo, Alckmin, e do governador do Rio, Sérgio Cabral.
Os políticos, indiferentes de partidos, também saíram chamuscados no processo.
Celebrou-se, aos quatro cantos, o refrão:
“Vocês não me representam.”
XXVIII.
Ok! As investigações sobre as mazelas da Petrobras já ganhavam manchetes – e se aprofundavam.
O caldeirão das indignações transbordava.
Mas, quem articulou aquela histeria toda em cidadãos de diversas matizes políticas e ideológicas e a fim exatamente de quê?
Contra quem?
Contra tudo e todos?
Contra o Sistema, o estabelechiment, os que no momento atual se arvoravam em Donos do Poder?
As respostas continuaram evasivas.
XXIX.
E a nobre Imprensa nativa?, há de me perguntar o incansável leitor que ainda aqui me acompanha.
Bem, meus caros, a Imprensa – a chamada Grande Imprensa escrita, falada e televisada, como se dizia nos antigamentes, e agora também internatada, é um capítulo à parte nessa história.
Começou de um lado ao classificar os manifestantes de baderneiros, mas, de repente, mudou o discurso e tratou de desqualificar a classe política e os governantes a razão de todos os nossos males e do ruidoso descontentamento,
XXX.
Outro ponto que acho importante salientar: consolida-se um perigoso desequilíbrio entre os três poderes legalmente constituídos.
Desde o desenrolar do episódio do mensalão, o Judiciário passa a ser ‘santificado’, como o Salvador da Pátria, enquanto o Executivo e o Legislativo são constantemente criticados e, em última instância, passam a viver dias de descrédito absoluto.
Há quem diga que fizeram (e fazem) por merecer.
De qualquer forma, vale preocupar-se com a situação.
Uma velha máxima do juridiquês afirma, com alguma razão: toda vez que o ideário político ou partidário invade o tribunal a Justiça sai pela outra porta.
*Amanhã continua. Falaremos das eleições de 2014 e da vitória de Dilma nos estertores do conturbado pleito.