Sempre tive a sincera impressão de que o momento que ditadorezinhos de plantão, verdugos, ilegítimos e assemelhados mais se assanham é exatamente em feriados como os de hoje quando há desfile militar e toda aquela pompa.
Imagino que os tais e as digníssimas primeiras damas devem se achar os pimpões de sobrancelhas vendo toda a tropa passar ‘em armas’ à sua frente. E o Fofo ali, na pose. Nariz empinado e cousa e lousa e maripo(u)sa.
Essa impressão, repito a vocês, não é nova.
Quando era garoto, no Grupo Escolar, havia todo um cerimonial da Semana da Pátria. Cantávamos o hino nacional, reunidos no pátio e tal e parávamos por aí.
Achava chatinha de tudo a cerimônia, pois perdíamos a manhã do feriado nessa lengalenga cívica.
No ginásio, já no Colégio Nossa Senhora da Glória, havia um componente mais sedutor. Depois dos parangolés pátrios, havia um acirrado torneio de futebol entre classes e aí, sim, era a festa.
Já no ensino médio, lembro de um 7 de setembro em fins dos anos 60 que caiu em pleno domingão. Preparou-se um mega desfile em todas as capitais brasileiras e, para inflar a plateia do dito-cujo (acho que foi 68) cancelaram todas as partidas de futebol, as oficiais e as de várzea.
Fiquei muito puto. Como podem?
Na segunda-feira, na aula de Língua Portuguesa, a ingenua professora pediu que fizéssemos uma redação sobre nossas impressões do que aconteceu no feriado.
Não pensei duas vezes em qual seria o título do meu humilde texto:^
“7 de setembro. Como se estragar um domingo”.
A partir daí, vocês podem imaginar para onde descambei.
A professora confiscou o texto.
“Você quer ser preso, rapaz? É comunista, é?”
Comunista, eu? Só queria bater minha sagrada bola no final de semana.
Mesmo assim, ela me deu 10.
Desconfio que foi aí que cismei de virar jornalista.