Gosto de elogios.
Quem não gosta?
Um dos meus amáveis – e renitentes – cinco ou seis leitores chama a minha atenção:
– Você citou Plínio Marcos na crônica de ontem, não?
Ops, pensei…
Lá vem elogio à minha boa memória, à oportunidade de lembrar a dupla que Plínio fez com o Luiz Gustavo etc etc. Sabem como é? Essa coisa de blogar todos os dias faz com que, por vezes, e tantas vezes, a gente se imagine o Sabichão do bairro Peixoto e cousa e lousa e maripo(u)sa, como escrevia o próprio Plínio.
Não foi bem isso o que aconteceu, não.
O rapazote me chamou à atenção; leve, sutil, mas chamou:
“É sempre bom lembrar Plínio Marcos, um dos nossos mais importantes dramaturgos, um dos nossos melhores cronistas, um grande defensor da nossa cultura popular”.
Entendi o recado, e tento hoje me redimir, humildemente: sempre que se citar Plínio é fundamental reverenciá-lo como um grande artista. Mais que isso: um notável brasileiro.
Nesse sentido, permitam-me transcrever breve trecho de uma de suas crônicas mais emblemática, “Um saltimbanco em busca do seu povo”, publicada na Folha de S.Paulo, em 23 de julho de 1977:
“Não me deixem, nem por um minuto, mudar o meu rumo, me confundir, me enroscar, me levar a sério, acreditar no supérfluo, no nome no jornal. Agora, mais do que nunca, eu preciso dos perdedores do meu lado, preciso dos encarcerados, dos perseguidos, preciso dos cassados e dos impedidos de participar da vida nacional. Preciso dos que anseiam por justiça e dos desesperançados. Preciso dos famintos e enfermos. Preciso dos meus fantasmas de sempre. Porque eu não quero nada sem estar com eles.”
Aproveito o ensejo para recomendar a leitura de “Plínio Marcos – A crônica dos que não tem voz”, de autoria de Javier Aranciba Contreras, Fred Maia e Vinícius Pinheiro,, lançado pela Boitempo, em 2002. Só fui ler este belo livro agora, no recesso das férias, e me fez um bem danado, além de me encher de saudade de um tempo em que – ainda que amargo pelas opressão de uma ditadura – era possível e permitido sonhar com um Brasil de todos os brasileiros. Graças à coragem de homens como ele, Plínio Marcos.