Morreu Johnny Halliday, aos 74 anos.
O mais jovem dos meus cinco ou seis leitores haverá de fazer cara de paisagem ao ler a linha acima e, com o jeitão desencanado que o caracteriza, estou certo perguntará:
– Quem é o tiozinho?
(…)
Sou obrigado a lhe dar uma breve biografia.
Ele foi o Rei do Rock francês lá nos idos de 60. Uma espécie de Elvis, de origem belga, mas com a vida e a carreira amplamente arraigada na cultura francesa. Tão Elvis que, mesmo sendo posterior ao fenômeno dos Beatles e suas franjinhas frajolas, o bonitão não abria mão do topete, da guitarra e dos macacões justíssimos.
No Brasil, Halliday fez um breve sucesso nas rádios com a versão francesa de “Black is Black” (hit de Los Bravos) que, nos arredores de Paris e adjacências, ganhou o sublime título de “Noir C’Est Noir”.
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Aquele final dos anos 60 foi um tempo muito divertido para nós, os que beiravam os 20 de idade.
Divertido e conturbado.
Não há como negar a influência da música em nossas existências. Ela que nos dava régua e compasso para traçar os passos do nevoento caminho que se apresentava entre os rigores da ditadura e o clímax do existencialismo.
A música chegava plena – e diversificada – pelas ondas do rádio.
Não tínhamos a consolidação do fenômeno da segmentação como hoje existe – a rádio rock, a rádio que toca notícia, o melhor da MPB, a transpagodiana e afins, os breganejos. Ouvíamos de tudo – e incrivelmente tudo tocava nas emissoras. Caetano, Chico, Gil, Beatles, Rollings Stones, sucessos da música italiana, a francesa (houve até um grego psicodélico chamado Demis Roussos) e muito rock de todas as origens – Tree Dogs Night, Sttepenwolf, Credence e Beatles, sempre eles.
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Bem, eu amava os Beatles e a Carly Simon (que namorava o James Taylor, ô raiva), mas me identificava com o Tropicalismo de Gil, Caetano e Tomzé.
Benjor era hors concours. Sempre foi o meu preferido, desde garoto.
Não tenho, portanto, uma grande lembrança do repertório de Johnny Halliday, mas sinto uma falta danada de emissoras plurais que existiam e nos deixavam antenados com a música que se ouvia em todo o mundo.
Era uma delícia ser surpreendido, no meio da noite, com a canção que lhe dizia diretamente ao coração…
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A minha?
Em versão bem mais atual, com The Corrs, era esta aqui, ó…
(*foto: divulgação)
O que você acha?