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Amor, etc. *

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Torcida amiga, bom dia!

Fim da Copa que não foi lá a dos nossos sonhos.

Imagino já ter dito tudo o que gostaria sobre o tal evento histórico, como não cansam de propalar nossos narradores esportivos. Com algum muito exagero, penso eu.

É hora de deixar de lado – e sempre na memória – o bordão do saudoso Ary Silva e partir para  o que nos oferece a vida real, embora alguns dos meus raros leitores e raras e belas leitoras me falam, em tom de alerta, que o Blog tem se deixado levar por um assoberbado lado ficcional.

O que me lisonjeia, de certa forma.

Tenho lá minha inclinação para as literatices, reconheço.

(…)

Ah, o ‘assoberbado’ aí de cima fica por conta do Nestor, amigo que mora na Bélgica e dá a honra de me acompanhar por aqui. Falamos por zap logo após a derrota do Brasil – e, óbvio, nossa conversa vazou neste humilde Blog.

Tantos anos fora do nosso país, o Nestor está com o vocabulário nativo um tanto, digamos, defasado – ui, este defasado é por minha conta.

(…)

Então…

Para não entrar com os dois pés no peito da vida real (que é a que temos, se a merecemos ou não deixo por conta de cada um aí do outro lado da tela/visor; pessoalmente não tenho opinião formada sobre a minha. Confesso, não pensei no assunto.) faço a opção de lhes presentear com um texto do meu autor preferido, Rubem Braga (o homem da foto aí, de cima).

Um trecho de uma breve crônica, escrita em janeiro de 1955 e publicado no Correio da Manhã.

A reflexão – insisto – cabe a cada um de vocês. Ou melhor, a cada um de nós.

Deliciem-se!

(…)

Amor, etc. *.

Mas o grande milagre que ainda acontece é o amor. No meio da vida de tanta encrenca, tanta coisa triste, e sofrimento e doença e lutas mesquinhas, ele aparece de repente e não se sabe como. Aparece como um pássaro que pousa em nossa janela e começa a cantar. Nasce da sombra e da luz, de tudo e de nada, e é sempre novo, trêmulo como flor na brisa, virgem como a espuma perdida no mar oceano.

Honremos o amor. Sejamos humildes perante o amor. Ele é o grande milagre verdadeiro da vida, o grande mistério e o grande consolo.

*Retirado da antologia “Rubem Braga – Os Moços Cantam & Outras Crônicas Sobre Música”, organizada por Carlos Didier. Editora Autêntica, 2016. São Paulo

1 Response
  • Camla
    17, julho, 2018

    Perfeito, sempre!

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