Foto: Lucas Merçon
Terei um dia morno. Sob controle.
Ao que tudo indica, será assim.
Motivo 1 –
O Palmeiras joga só no domingo. E que jogo,torcida amiga!
Se vencermos o Vasco, lá em São Januário, s_e_r_e_m_o_s campeões.
Motivo – 2
Consegui estilhaçar a tela do meu celular no estacionamento do Bourbon Shopping, na noite de quarta, assim que cheguei para ver a partida no vizinho Allianz Parque.
Ganhamos por 4 x 0 do América Mineiro, mas o título ainda não veio e, ao que tudo indica, resumo da ópera: fiquei no prejuízo.
Entre 300 e 600 reais, o custo do conserto.
II.
Meu celular é novo. Tem três, quatro meses. Não é dos mais-mais na linha de nobreza dos smartphones, mas dá para o gasto. A garantia… “bem, a garantia só cobre defeitos de peças originais”, me disse a funcionário da assistência técnica.
– O mau uso do aparelho fica por conta do usuário, senhor.
Achei o rapaz atencioso, mas algo indelicado.
Mau uso? Usuário? Senhor? Eu?
Assim que desci do carro, o ‘bichinho’, por conta e risco, alçou voo, desprendeu-se da minha mão, algo trêmula pela ansiedade de chegar ao estádio, onde imaginava assistir à décima conquista de um título nacional pelo Palmeiras.
III.
Cabe explicação:
De 59 pra cá, vivenciei todas as conquistas esmeraldinas – Copas do Brasil, os Rio-São Paulo, os Paulistinhas, a Libertadores, os Ramon de Carranza e outras tantas glórias ao longo dos meus 67 anos de vida.
Não dá para reclamar.
A primeira que presenciei, ao vivo, em um campo de futebol foi em 1963, no Pacaembu. O Palmeiras venceu o Noroeste de Bauru por 3 x 1 e se tornou campeão paulista e quebrando a hegemonia do Santos de Pelé, Coutinho & Cia.
IV.
O pai saiu chamuscado do prélio.
Verdade.
Nas comemorações de um dos gols, um rojão estourou perto dele. Ferimentos leves e escoriações generalizadas na perna direita, um baita susto e o Speak de estimação, que não mais funcionou.
Comigo, nada aconteceu.
Estava na arquibancada com alguns amiguinhos e o Velho Aldo junto ao alambrado, onde gostava de ver os jogos, com o radinho de pilha colado ao ouvido.
V.
Ok.
Reconheço.
Não relacionei os dois campeonatos da série B.
Mas, foi por distração.
Conquistamos no campo, sem uso do tapetão e do apito amigo.
Caímos, sim, mas tivemos a grandeza de dar a volta por cima.
“Falta o Mundial” – o engraçadinho, provável torcedor daquele outro time da Marginal sem número, há de me confrontar.
Falta, não, boboca.
VI.
É só saber a história real.
Falo, sim, da grandíssima conquista da Copa-Rio de 1951, o primeiro Mundial interclubes, que lavou a alma dos brasileiros, de todos os brasileiros, achincalhada pela doída derrota da Copa de 50.
Eu não vi, não poderia ver.
Tinha meses de vida.
Mas, o pai e a italianada do bairro operário do Cambuci lá estavam no Maracanã.
Torceram, berraram, vibraram, comemoraram, ao lado de todos os brazucas, “uma emoção que raramente um ser humano viverá”.
-Foi nossa vingança ao Maracanazo.
É o que o Velho Aldo dizia, emocionado, mesmo velhinho, velhinho. A lembrar saudoso os amigos e o Brasil de então, o País do Futuro.
Pois é…
Foi pra ele e pela saudade dele e daquele Brasil sonhador que escrevi a crônica Meu Periquitinho Verde, publicada no livro Volteios – Crônicas, lembranças e devaneios, de 2010.
VII.
Quanto ao celular, resolvo a pendência pra semana.
Preciso fazer umas contas.
Talvez recorra a um empréstimo bancário para saldar o conserto.
O que acham?
Em todo caso, vou aguardar o jogo contra o Vasco no domingo.
É o jogo do título.
Acho que dá para viver, de boa, sem as chamadas, os whats e as mensagens.
Agora sem o meu Palmeiras é impossível…
Forza, Verdão!!!
]
O que você acha?