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O dia mais triste…

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Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Para que não se diga que fugi aos trâmites do bom jornalismo, eis a principal notícia da semana, do mês, do ano ( quem sabe do século).

Triste notícia.

O Brasil superou ontem o montante de 400 mil mortos vitimados pela pandemia.

Para ser exato:

401.407 casos de pessoas que perderam a vida, segundo dados do Consórcio dos Veículos de Imprensa, com base em relatórios das secretarias de Saúde estaduais.

Triste notícia.

Trágica em todos os aspectos.

O pior momento dos nossos 500 e tantos anos de História.

Parei de escrever em dezembro passado – e relutei em voltar ao Blog exatamente porque, lá no meu natural ceticismo de anos de reportagem, imaginei que tal dia chegaria.

Não gostaria de registrá-lo com minhas palavras rasas aqui neste espaço ou em outro qualquer.

Vou bater quarenta e muitos anos de escrevinhações, e minha proposta agora é ressaltar o lado belo da vida. Poesia, música, o que os livros me ensinam, falar dos amigos, lembrar velhos e divertidos causos, enfim…

Pela primeira vez em 15 anos, fechei-me por quase 120 dias num silêncio respeitoso, meu anônimo protesto contra esses tempos trevosos em que nos enfiamos.

Voltei ao Blog no começo do mês após mensagem que recebi de amável leitora:

“Lembre-se de Freire (Paulo Freire, o educador), é tempo de esperançar.”

Tento fazer o que posso, amiga.

Mas, hoje é inevitável que se faça o doloroso silêncio dos enlutados.

Que nos transformemos em oração por aqueles que se foram.

Que os Céus confortem as famílias atingidas, os amigos, os parentes, os doentes, todos os que sofrem, enfim…

Temos muito a refletir sobre esses tempos, caríssimos leitores.

Muito.

“Quem tiver olhos para ver, que veja…”

Em tempo:

Soube da notícia por meio do whats num grupo de amigos jornalistas de várias gerações.

Alguns foram meus alunos em uma época não tão distante assim.

Com todos, eu aprendo.

Falávamos dos desafios do jornalismo de hoje. Daqueles profissionais que usam o crachá da empresa não na lapela, mas sim na alma. De outros engajados, por interesses pessoais e, muitas vezes, escusos. Dos raros que resistem à função precípua de ser o historiador do cotidiano.

Um amigo lembrou – honrosamente para mim – o artigo que escrevi tempos atrás para o Jornal da USP, com o título:

Jornalismo é caráter

Penso que é assim.

Fundamentalmente assim:

Há jornalistas e jornalistas.

Assim como há marceneiros e marceneiros (para citar o grande e saudoso Cláudio Abramo).

Assim como há presidentes e… presidentes que, em meio a milhares de mortos, passeiam de jet-ski no lago Paranoá.

 

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