Palmeiras vence na primeira partida pelo Mundial de Clubes, Qatar. (Foto: Divulgação/Palmeiras)
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Recupero uma crônica antiga – e, ao final, explico o porquê. (*)
O fato se deu numa noite de quarta-feira de 2014.
Estou ao lado do meu filho, nas arquibancadas do Pacaembu.
Eis que ouço a pergunta/provocação:
— Este aí viu o Julinho jogar. Viu ou não viu?
O senhorzinho de cachecol e boné de lã subia as escadas das arquibancadas do tradicional estádio paulistano, ao lado de um rapaz que me pareceu ser seu filho ou neto (poderia ser seu sobrinho também). De repente, olhou para mim e descobriu non desconhecido um contemporâneo e, na base da amizade, tascou a pergunta, assim, na lata.
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Demorei a entender de quem o homem falava – e o que exatamente acontecia.
Estava quieto no meu canto, cabeça nas nuvens, à espera que começasse a partida entre Palmeiras e Fiorentina, parte das comemorações festivas do centenário do clube do meu coração.
Nem sei o que pensava.
Sei que só depois alguns segundos entendi que meus ralos cabelos brancos, a barba grisalha e por fazer e os óculos na ponta do nariz entregaram a minha idade e a empatia do palestrino falante que repetiu a pergunta:
— Viu ou não viu o Júlio Botelho jogar?
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Júlio Botelho?
Extraordinário camisa 7. Um dos grandes nomes da história do Verdão e do futebol brasileiro e mundial. O homem que calou Maracanã (Um dia ainda lhes conto essa história.)
Inesquecível, Julinho!
Começou na Portuguesa, foi para a Fiorentina, voltou para jogar no Palmeiras e ser super campeão paulista em 1959 (diante do Santos de Pelé & Cia) e dar sequência a uma inesquecível trajetória vitoriosa, com auge na consolidação do slogan Academia de Futebol.
— Julinho, Servílio, Tupãzinho, Ademir da Guia e Rinaldo. Viu ou não?
Claro que vi.
Aliás, agradeço aos Céus mais este privilégio.
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Provocou.
Agora o simpático homenzinho que me aguente
É minha vez de mostrar erudição sobre fatos e feitos do alviverde.
Cito, sem gaguejar, o time de 1959:
Valdir, Djalma Santos, Valdemar, Aldemar e Geraldo Scoto, Zequinha e Chinezinho, Julinho, Américo, Nardo e Romero.
O senhor se emociona.
Aponta para um dos gols do velho estádio Paulo Machado de Carvalho e diz:
— Foi ali o gol do Romero de falta. Dois a um. Palmeiras, campeão paulista. Com honras e pompas.
O supercampeonato.
Repito:
Em cima do Santos de Pelé & Cia.
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A partir daí (nem é preciso dizer, mas digo) o fio da memória se desenrolou para nós, os velhinhos, e invadiu a galeria de ídolos do Palmeiras, de jornadas épicas, títulos conquistados, lembranças, lembranças, lembranças…
Vou lhes dizer, amigos e fiéis leitores, que eu e o desconhecido, quando nos demos conta, estávamos com a voz embargada e limpávamos os olhos a disfarçar o tamanho da nossa saudade.
– E este aqui, disse ele apontando para o rapaz ao lado, está triste porque o Valdívia foi embora. Pode?
Poder pode, mas não é justo com a história, as tradições e as glórias do nosso Palmeiras.
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(*) O Blog decretou feriado nacional ontem.
Por óbvio e palestrino motivo.
O Palmeiras deu início à sua participação no Mundial de Clubes, com insofismável vitória diante da equipe egípcia do Al-Hali (2×0).
Quero fazer um reparo, um contraponto a essas enquetes tão em moda que pretensamente querem escolher os melhores atletas do Palmeiras de todos os tempos.
(Vale também para outros clubes, claro!)
São injustas.
Só desinformam, e confundem o leitor/espectador.
Um crime de lesa jornalismo, lesa História do Futebol.
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O que você acha?