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O Maluco Beleza

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Foto: Márcio Alves/Divulgação

Foi o amigo Escova que, lá dos confins da França, via zap, numa de nossas conversas sobre eleições, me surpreendeu, com a notícia:

“E lá se foi mais um dos nossos… Que Deus guarde o maluco_beleza Claudete num bom lugar…”

Deu um baque em mim.

Nada respondi.

Claudete é o apelido carinhoso com o qual Raul Seixas tratava o amigo e parceiro Cláudio Roberto.

Juntos escreveram, entre outras, a emblemática Maluco Beleza, um clássico para os da nossa geração (minha e do Escova).

Enquanto ainda procurava me situar ante da triste mais uma perda, o profeta Escova, aquele que na votação do impeachment da Dilma preconizou a início da movimentação ostensiva da ultradireita entre nós (daí, o exílio voluntário na França), entendeu meu silêncio e emplacou mais essa:

“Aposto que não sabia”.

Em seguida, prestativo, enviou a notícia de um jornal brasileiro:

“Claudio Roberto morreu no sábado, 29 de outubro, aos 70 anos, em sítio na cidade fluminense de Miguel Pereira (RJ), vítima de complicações decorrentes de cirurgia para implantação de válvula no coração, deixando obra que, em parceria com Raul, contabiliza sucessos como Aluga-se (1980), Rock das aranha (1980), Cowboy fora da lei (1987) e Quando acabar o maluco sou eu (1987), além do hino Maluco beleza, cuja letra original foi escrita em inglês. Os versos em português surgiram no estúdio, no momento da gravação da música, por pressão do maestro Miguel Cidras (1937 – 2008)”.

“Triste, cara, não sabia mesmo – e nem li nada sobre…”

Escrevi sem a menor convicção do que teclava.

“O efêmero da vida”.

“O tempo que se nos escapa entre os vãos dos dedos nos arredores de fatos que nos enredam numa realidade que, por vezes, não nos pertence, não é a nossa, aquela que gostaríamos para nós e outros todos”.

Vou alinhavando letrinhas sem a exata noção de como exprimir meu desalento.

“Tempos sombrios, companheiro, tempo de tristezas”.

O amigo distante intui o meu enrosco de sentimentos – e aconselha:

“Faz o seguinte. Esquece, por momentos, esse delírio fascistoide que atravanca nosso país, e faz um post/homenagem ao cara”.

E diz mais:

“Talvez seja o parceiro que mais entendeu o Raul e, por extensão e consequência, se fez um dos porta-vozes de legião de sonhadores e libertários”.

Perfeito, amigo.

Farei melhor.

Ouçamos , em reverência e cumplicidade, aquela linda canção:

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